Ausência de padronização e identificação nos ônibus e nenhum suporte no embarque e desembarque dos alunos são as maiores queixas
“Está uma bagunça, um caos e muitos pais ainda não perceberam quão perigoso está sendo…”. “Hoje mandaram outro ônibus (não da prefeitura), com o pneu careca.” “Quando foi de tarde aquela bagunça para liberar os alunos para os pais.” “Não temos segurança de deixar nossos filhos lá.”
Essas são algumas das dezenas de frases contidas nas queixas, pedidos de ajuda e relatos enviados ao longo da semana ao Barueri na Rede. O dia 7/2, marcado para retorno das aulas presenciais da rede municipal de Barueri, começou com crianças voltando para casa porque não tiveram o transporte escolar prometido pela prefeitura.
Um dia depois, em 8/2, a administração pública se posicionou sobre o transtorno causado pela falta de ônibus para os estudantes. A partir de então, uma frota foi disponibilizada, mas os veículos só trouxeram mais problemas.
Os relatos de pais e mães, que chegam aos montes ao BnR, falam de pneus carecas, portas que não fecham na saída dos ônibus, nenhuma identificação de alguns veículos onde as crianças embarcam, tumulto da hora de entrar e sair dos ônibus, crianças sendo entregues sem que haja a identificação do responsável.
Algumas mães têm demonstrado preocupação com o fato de que muitos alunos ainda não retomaram a frequência escolar. “Como vai ser quando todos os alunos voltarem para a escola? Se já está desse jeito, quando todos forem pra aula, vai ser como?”, questionou uma em um grupo de rede social.
Reforço na frota, mas falta de identificação
Em 2017, Barueri divulgou a aquisição de quase 100 veículos para transporte escolar. No site da prefeitura é possível ler: 01 de Agosto – No domingo, dia 30 de julho, cerca de 100 ônibus zero quilometro chegaram em Barueri para atuarem no transporte escolar gratuito da rede municipal de ensino. Com carrocerias montadas nos estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, os veículos irão garantir mais conforto e segurança para aproximadamente 6 mil estudantes. A previsão é que os ônibus comecem a circular dentro de duas semanas.
Para 2022, após quase dois anos com as escolas fechadas em razão da pandemia, os ônibus adquiridos cinco anos atrás, aparentemente, parecem não atender à demanda dos alunos que precisam do transporte para chegar até as escolas. Muitos tiveram que ser transferidos por cauda de reformas e demolições de algumas escolas, outros pelo fechamento de unidades do estado.
Com isso, a prefeitura contratou mais ônibus. A questão é que alguns desses veículos, que chegam a levar 30 crianças por vez, não têm identificação de que estão a serviço da prefeitura. “Como vamos saber se estamos deixando nossos filhos entrar nas mãos de uma pessoa de confiança? Se é um maluco que some com essas crianças todas?”, se alarma uma outra mãe. “Estou lendo alguns relatos e cada vez mais com medo de mandar meus dois pequenos”, desabafa.
Dentro das escolas
Já dentro das unidades educacionais, alguns relatos dão conta de problemas mais pontuais. No primeiro dia de aulas, na Emef Prof. José Domingos da Silveira pais afirmam que as aulas voltaram com a escola ainda em reforma, e com os banheiros interditados em razão das obras. A gestão respondeu que a obra já está em fase final e afirmou que os banheiros estão funcionando normalmente.
No decorrer da semana, chegaram depoimentos falando de salas superlotadas; da presença de entulho e trabalhadores em escola do Jardim Belval; da insuficiência de merenda para todos os alunos da Emef Alfredo do Carmo e a frente do toldo da escola quase caindo exatamente onde passam as crianças para entrar no ônibus; de alunos merendando maçã e banana porque o gás acabou na Emef Suzete da Costa e Silva Marinho.
Ações individuais
Alguns pais relataram que conseguiram uma reunião na terça-feira, 8/2, com uma representante da coordenação da escola e dois vereadores para tratar da situação dos alunos da Emef Francisco Zacarioto, no Jardim Maria Helena. Após o encontro, foi pedida a reavaliação das transferência e solicitada, com urgência, a mudança dos alunos para outras escolas do próprio bairro. Segundo uma mãe ouvida pelo BnR, ficou acordado que iriam verificar a possibilidade de retornar os alunos para o bairro de origem e que iriam se organizar melhor para transportar os alunos. A prefeitura não confirmou essas informações.
Posicionamento da prefeitura
Diante do número e variedade de reclamações enviadas, o BnR procurou a prefeitura para apresentar o quadro geral sobre o transporte e as questões pontuais.
Sobre o transporte e a merenda, a resposta dada foi:
“O transporte teve um problema no primeiro dia de aula que já foi solucionado. Em algumas escolas o transporte começará na próxima semana e estará completamente resolvido. As transferências se devem à reconstrução de algumas escolas. Manter escolas modernas, seguras e cada vez melhores é o objetivo, mas para isso alguns ajustes são necessários, como a transferência de alunos até o final das obras. A merenda foi distribuída normal e pontualmente em todas as escolas, respeitando o cardápio diário. Não houve falta de merenda.”
Sobre a desorganização e a necessidade de apoio de agentes de trânsito nos horários de embarque e desembarque dos estudantes; estado de alguns dos ônibus disponibilizados para o transporte do alunos; falta de identificação dos veículos, que não são do modelo fretado, que pegam as crianças, nada foi dito até o fechamento dessa reportagem.
Um grupo de mães está se organizando para se reunir em frente à Secretaria de Educação como forma de protesto pela situação geral à que foram expostos os alunos. A manifestação está marcada incialmente para segunda-feira, 14, às 8 horas.