Apontado por testemunhas nega ser autor dos quatro tiros contra a jovem em novembro. Ela continua internada em estado grave
Geozafá dos Santos, apontado por testemunhas como o homem que no mês passado deu quatro tiros em Karine Meneghetti, de 26 anos, dona de uma pizzaria em Itapevi, entregou-se à polícia na semana passada e negou a autoria dos disparos. A jovem está inconsciente desde 5 de novembro, data do crime, seu estado continua grave e os médicos temem que ela fique tetraplégica e com problemas de visão.
O crime aconteceu na madrugada de sábado para domingo e foi antecedida por dois incidentes. No fim da tarde daquele dia, a jovem discutiu com um cliente por causa da forma de servir a pizza. Ela teria dito que ele não precisaria pagar e poderia ir comer em outro estabelecimento. Esse cliente ficou irritado e teria feito ameaças a ela antes de deixar o local.
Mais tarde, ela discutiu com outro homem. Pouco depois das duas horas da madrugada, ele chegou à pizzaria com um copo de cerveja. Em certo momento, ele vai ao banheiro. A companheira de Karine, ao limpar a mesa, recolheu o copo, pois não sabia que não era do estabelecimento, Em seguida, o homem passou a discutir com Karine por causa disso e deixou o estabelecimento dizendo, segundo testemunhas, que voltaria para matá-la.
Cerca de dez minutos depois, ele realmente voltou, armado, e sem dizer nada, desferiu quatro tiros a queima-roupa contra ela. Depois saiu andando tranquilamente, como mostram imagens das câmeras de segurança da pizzaria.
Testemunhas ouvidas pela polícia indicaram Geozafá como autor dos disparos. Imediatamente a polícia pediu sua prisão preventiva, mas ele desapareceu por mais de um mês, até ser aconselhado por um advogado a se entregar.
A princípio, foi considerada a hipótese de que o crime tenha acontecido por causa do copo, mas o delegado titular de Itapevi, Raul Francisco de Souza, é cauteloso quanto a essa possibilidade. “É muito desproporcional imaginar que alguém atire friamente contra outra pessoa por um motivo tão fútil”, afirma. “Existem informações que sugerem outra motivação.”
Ele quer ouvir o acusado, que está preso, e outras testemunhas, para firmar uma convicção. Outra hipótese é que o homem que discutiu com Karine durante a tarde e a ameaçou tenha encomendado o crime.
Há também a suspeita de que a agressão tenha motivação homofóbica. Karine vivia com outra mulher, que a ajudava na pizzaria. Amigos relatam episódios de ofensas a ambas por causa de sua condição sexual. Além disso, após a discussão da tarde, surgiram declarações homofóbicas ofensivas contra a jovem em redes sociais.
Karine é dona da pizzaria, que comprou dos pais quatro anos atrás, mas trabalhou no estabelecimento desde pequena. É também quem faz as pizzas. Sua companheira trabalha com ela no local. As duas moram em Barueri.