Parece que ao tirar sua merecidíssimas férias, os laboriosos vereadores se deram ao luxo de andar pela cidade e encontraram uma realidade desconhecida
A volta triunfal depois do recesso parlamentar
Depois de um “merecido período de descanso”, embora muita gente não concorde com essas tais férias por razões óbvias e que evidentemente não nos compete discorrer aqui, os ilustres representantes do povo que foram devidamente sufragados pelo voto popular retornaram às suas lides incansáveis, na defesa dos mais altos interesses daqueles que os elegeram de maneira democrática e totalmente consciente. Hi, hi, hi!
Entendam o recesso parlamentar
O tal recesso parlamentar, para quem não sabe, é o período em que os parlamentos não funcionam, no Brasil, um equivalente para os integrantes do Poder Legislativo às férias a que têm direito os trabalhadores de um modo geral. Em âmbito federal, a Constituição prevê dois períodos de suspensão dos trabalhos legislativos: de 23 de dezembro a 1º de fevereiro e de 18 a 31 de julho. Esta limitação constitucional obriga o teto máximo de 55 dias aos parlamentos federais (Câmara dos Deputados e Senado), assembleias estaduais e as câmaras de vereadores. Ou seja, é mais uma “mamatinha” indecente bancada com o dinheiro do povo.
E uma das principais discussões foi…
Pois é, amados leitores, eu ofereço um pirulito para quem adivinhar qual foi a principal tônica, ou o principal projeto que foi apreciado e aprovado por todos os nobres edílicos da colenda casa de leis barueriense. Acertou quem disse que foi uma daquelas previsíveis moções de aplausos tão useiras e vezeiras, que visam puxar sacos ou fazer médias com pessoas que normalmente nada tem a ver com a realidade ou necessidades da cidade, com raríssimas exceções.
O ilibado vereador prestou homenagens, é claro
O homenageado foi o bispo Leandro Zangarini, da entidade Unisocial, considerada um braço da Igreja Universal do Reino de Deus, aquela comandada pelo Bispo Edir Macedo, que promoveu um evento de arrecadação de alimentos nas dependências do elefante branco também conhecido como Arena Barueri.
Com direito à interrupção da sessão, discursos do representante do homenageado, que sequer apareceu pessoalmente para receber a honraria, fotografias da claque presente e os demais salamaleques de praxe, a iniciativa da tal homenagem foi do vereador Wilson Zuffa, que segundo dizem é ligado à igreja. Hummmmmmmmmmmmm!
Teriam os ilustres pares se roído de inveja?
A inveja é o único pecado capital completamente inútil (ao contrário da gula ou da luxúria); no entanto, é tão poderosa que provoca grande sofrimento em quem o experimenta. Inveja: é o desejo excessivo por tudo o que outra pessoa tem ou conquista. A pessoa invejosa ignora seus próprios bens e cobiça uma vida que não é sua. Gula: o significado mais comum da gula é o consumo exagerado de comida e bebida.
Mas, mesmo assim, o inoxidável presidente da gloriosa câmara municipal, Toninho Furlan, disse em alto e bom som que a iniciativa do ínclito vereador Wilson Zuffa foi de “ causar inveja” aos demais vereadores. (Risos discretos)
Disse que estava se sentindo um deputado
Hummmmmmmmmmm. Ao fazer uso da palavra no retorno das férias parlamentares, o vereador Thiago Rodrigues não se conteve na babação de ovos ao elogiar as reformas do prédio perpetradas segundo ele pelo presidente Toninho Furlan. “Bom dia a todos público presente… queria parabenizar o presidente, estou me sentindo um deputado aqui, parece que eu estou em Brasília. ” Que coisa mais linda, né, amados leitores.
Já o vereador Kaskata
Enquanto o suntuoso Palácio 26 de Março, que abriga aos considerados representantes do povo barueriense, passou por reformas, que chegaram a emocionar aos seus próprios ocupantes, o não menos considerado edílico Kaskata teceu severas críticas a moradores de rua que literalmente estão tomando de assalto a cidade de Barueri e explicitou, como exemplo tácito, a Marginal Direita do Jardim Paulista.
Ali, nas palavras do edil, a coisa está feia, com o ambiente tomado por indigentes com as suas barracas, roupas, sujeiras, maus hábitos e demais inconveniências, tolhendo a liberdade dos moradores e demais cidadãos que porventura tenham que circular por ali.
Hordas de Zumbis estão chegando
De fato, pudemos constatar in loco que a cidade tem sido invadida por “indigentes nitidamente vindos de outras localidades aparentemente com intenções de achacar, incomodar, amedrontar e, em alguns casos, assaltar moradores e outros transeuntes desatentos”. O problema está cada vez mais sério e é necessário que a prefeitura conte com efetivo suficiente de assistentes sociais e agentes da Guarda Municipal para acompanhar a Polícia Militar em diligências noturnas de encaminhamento dessas pessoas aos abrigos oficiais ou às suas famílias e cidades de origem. Mas, pelo visto, grande parcela dos doutos representantes do povo ainda não se deu conta disso, não é?
Os transtornos estão aumentando
Enquanto os edílicos de plantão se preocupam com reformas de escadões, com moções de aplausos, com rapapés e zumbaias, os indigentes que estão desembarcando na Flor Vermelha que Encanta causam transtornos e preocupações, despejando urina e fezes nos locais que ocupam como suas moradias, fazendo abordagens às pessoas sem distanciamentos, sem cuidados de higiene e colocando todos em riso, sem contar com os enormes problemas de segurança que causam.
Segundo Kaskata eles não são moradores de Barueri
O intrépido vereador Kaskata fez questão de deixar claro que esses indigentes não são de Barueri e sim seriam oriundos de cidades vizinhas, as quais não declinou os nomes. Mas destacou que se algo não for feito com urgência, logo a cidade estará igual a capital paulista ou o Quilometro 21, ali em Osasco. É, minha gente, parece que os zumbis estão de mudança para a ilha da fantasia ou seriam mesmo zumbis autóctones?
Aí o vereador Levi Jânio aparteou
Sim, ele aparteou para dizer que existe uma invasão também sob um viaduto recém-inaugurado no Parque Imperial, onde cerca de setenta pessoas indigentes ali aportaram e ali estão morando e causando sérias preocupações e a prefeitura tem que fazer alguma coisa com urgência. Os poviléus ali, além de outras coisas ruins, ainda fazem uso de substâncias tóxicas e outros babados. Chiiiiiiiiiiiiiii, o “baguio” tá ficando louco, Barueri está ganhando a sua “zumbilândia “igual a cracolândia de Sampa.
A vereadora Cris da Maternal
Lembrou de uma praça no Engenho Novo nas imediações da Avenida Capitão Francisco Cezar, onde um sem número de moradores de rua habitam, e transformam o logradouro num verdadeiro inferno digno de causar inveja até mesmo a um capeta dos mais desavergonhados. No local, essas tais pessoas, fazem de tudo sem o maior pudor, tais como sexo explícito, necessidades fisiológicas, uso de drogas e muito mais. Cruz credo!
Eis uma boa oportunidade de mostrar serviços
Então, diante disso tudo, diante dessa realidade cruel que está crescendo a cada dia e se associando a nossa realidade, surge uma oportunidade real para que os nobres representantes do povo possam fazer algo para garantir que Barueri não venha ter algumas áreas iguais às que infelizmente já existem em São Paulo e em outras partes do País. Que tal fazer menos moções de aplausos, menos denominações para prédios públicos, ruas e avenidas, menos reformas de escadões e mais ações para que a cidade não se transforme em uma “Zumbilândia” ao estilo Walking Dead? Fica a dica. (Risos discretos)
A praça deve ser para o povo
E mais, o tonitruante vereador Kaskata não teve dúvidas e concitou os seus pares a se reunir para discutir o assunto juntamente com as secretarias da Promoção Social, Segurança Pública e demais envolvidos. Para ele, praça não foi feita para moradores de rua e sim para a população “normal” e chegou mesmo a sugerir que sejam montadas algumas tendas dentro dos quartéis e que lá sejam confinados esses moradores de rua que estão invadindo a linda “ Flor Vermelha”, que no momento está ficando cada vez mais desencantada.
Nunca é demais lembrar
Aqui mesmo no nosso Brasil varonil muitas cidades já exportaram mendigos e pedintes para outras cidades, livrando-se assim das suas presenças indesejáveis, e diante disso, resta saber como a cidade vai agir diante do problema.
Aliás, tempos atrás a prefeitura de uma localidade dos arredores de Paris comprou uma substância que provocava enjoo para afastar a população de rua do centro da cidade e foi bastante criticada pelos franceses. A medida, adotada pelo prefeito conservador de Argenteu, George Morton, “foi uma escandalosa caça aos pobres, contrária à dignidade humana”.
Voltando à questão das reformas de prédios
Pelo visto, essa história de reformar prédios públicos, especialmente câmaras municipais, não é privilégio de Barueri, pois lá em Jandira a tal cidade Favo de Mel, o atual presidente da edilidade também investiu uma bela grana ampliando o prédio no que foi prontamente elogiado por seus demais pares.
O interessante foi que na sessão de puxa-saquismo às obras do presidente, os nobres edis faziam questão absoluta de afirmar com todas as letras que tudo o que foi feito era em “benefício do povo”. Agora resta saber o que diria o povo se fosse consultado sobre tais reformas antes de as mesmas serem iniciadas, se prefeririam que a grana gasta fosse utilizada nas prioridades populares.
E já que falamos sobre Jandira
O vereador Josenildo Ribeiro de Freitas, mais conhecido como “Veinho”, aproveitou a última sessão legislativa para alfinetar os responsáveis pelo desassoreamento dos córregos que cortam a cidade e que comumente causam transtornos e prejuízos nas épocas das chuvas, provocando inundações e alagamentos. Para ele, as limpezas devem ser feitas agora, para não causarem mais prejuízos à população e também para não alegarem desconhecimento no futuro. “O prefeito e seus secretários que têm que fazer e depois não vão poder alegar que ninguém falou nada. ”
Assessorzinho que fala pelas costas
“A minha língua é maior que meu corpo.“ Quem se saiu com essa na tribuna foi o vereador carapicuibano Zé Amiguinho, provavelmente por estar mordido com alguns assessores de algum dos seus colegas a quem classificou de “assessorzinhos” que, na falta de coisa melhor para fazer, ficam futricando sobre a sua vida. “Quem não gosta de mim, paciência, e quem fala de mim pelas costas vai ter que se explicar na delegacia. Curuzes, será que o impávido vereador tem “macroglossia e não sabe?
Odorico Paraguaçu fazendo escola nas câmaras
Na cidade de Sucupira, criada por Dias Gomes, o candidato a prefeito Odorico Paraguaçu (o inesquecível Paulo Gracindo) adorava fazer um eletrizante discurso, com uma retórica vazia, cheia de neologismos sem pé nem cabeça e também adorava abreviar raciocínios e conversas. Para quem não sabe, O Bem-Amado foi a primeira novela gravada em cores no Brasil. Ela estreou no horário das 22 horas no dia 4 de janeiro de 1973 e ficou no ar até o dia 9 de outubro.
Algumas “pérolas” do vernáculo parlamentar
Não é que ele tem fiéis seguidores nas câmaras de vereadores da região. Por enquanto eu ainda não vou dar os nomes aos bois, mas logo vou revelar os autores dessas pérolas do vernáculo para gáudio dos nossos leitores.
Vejam só alguns exemplos dos representantes do povo que falam “degrinir” ao invés de denegrir, “opitam” ao invés de optam, “arduoso” ao invés de árduo, “demartite” ao invés de dermatite, “samos” ao invés de somos, “ insulubridade” ao invés de insalubridade, “apropiada“ ao invés de apropriada, ” resguarnecida” que até agora não descobrimos nada paralelo, dentre outras. Hê, hê, hê!