quinta-feira, outubro 3, 2024
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Não houve tiroteio no bar P11. Atiradores são primos e alvejaram frequentadores

por: Redação

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O Barueri na Rede conversou com testemunhas e agentes de segurança que atuaram no episódio e com isso pôde refazer a história que terminou com quatro pessoas baleadas

Depois do episódio, direção do P11 desculpou-se com vítimas e frequentadores e anunciou fechamento para reforma/Imagens: Globo/SPTV

Os dois homens que dispararam dentro do bar P11, na noite de sexta-feira, não trocaram tiros como inicialmente informado, mas são dois primos que atiraram contra outros frequentadores do local. O Barueri na Rede conversou com testemunhas e agentes de segurança que atuaram no episódio e teve acesso ao boletim registrado na Delegacia Central de Barueri. Com isso, foi possível refazer a história passo a passo.

Toda a confusão começou na fila do banheiro do bar. Um homem identificado como Renan começou a discutir com outras pessoas e em dado momento, sacou uma pistola. Como reação de defesa, frequentadores que estavam perto tentaram imobilizá-lo e tirar a arma de sua mão. Ele então, agarrado pelos demais, passou a disparar, mesmo com os braços contidos, atingindo a primeira vítima, um segurança da casa identificado como João.

Em seguida, outro homem, identificado como Diego, primo de Renan, apareceu, também armado, e passou a atirar na direção das pessoas que tentavam imobilizar o primeiro atirador. A confusão aumentou e Renan conseguiu se livrar e fugir. Diego também conseguiu correr para fora do bar.

Enquanto os tiros eram disparados, uma viatura da Guarda Municipal que fazia patrulhamento da área foi alertada sobre o que ocorria e dirigiu-se para o local. Na aproximação, os agentes puderam ouvir mais disparos. Os GCMs colheram no local informações sobre os atiradores, acionaram outras unidades e iniciaram a procura dos dois primos.

Todo o atendimento da ocorrência foi realizado pela GCM, que foi proibida de falar com a imprensa

Quanto a este ponto há outra correção a fazer sobre as versões da história. Ao contrário do que dizia a nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo, baseado no Boletim de Ocorrência, todo o atendimento foi realizado pela GCM, que patrulhava o local. A Polícia Militar chegou apenas no final, quando o atirador já havia sido localizado e estava detido.

Atirador tentou se esconder num bar próximo, o Açaí, onde os guardas encontraram um homem cujas roupas coincidiam com o relato das testemunhas

Durante evacuação do Açaí, bar próximo do P11, os guardas encontraram um homem cujas roupas coincidiam com o relato das testemunhas. Era Diego. Ele alegou não ser o atirador e estava desarmado. Mas após revista do local, uma pistola 9mm como a usada nos disparos foi encontrada por um policial militar que chegou ao local depois. A arma estava escondida sob um banco.

Os guardas foram ao Pronto-Socorro Central (Sameb), que fica próximo, e conversaram com um dos feridos, que estava sendo atendido, e ele identificou numa foto que lhe foi mostrada Diego como o autor do tiro que o atingiu. A identificação foi confirmada ainda por um segurança do bar, que esteve na Delegacia Central e prestou depoimento.

Esse segurança contou que foi acionado por volta da meia-noite por frequentadores que disseram haver um rapaz armado na fila do banheiro ameaçando as outras pessoas. Ao chegar ao local, viu quatro homens tentando imobilizar Renan, que empunhava a pistola. Foi nesse momento que foi dado o primeiro tiro. Outras pessoas, então, se juntaram na tentativa de desarmar o homem, que continuou a disparar e Diego chegou atirando.

Em seu depoimento à polícia, Diego, acompanhado de um advogado, afirmou que apenas atirou para o alto para dispersar o grupo que tentava conter seu primo. Ele tem porte de arma CAC, abreviatura para caçador, atirador esportivo e colecionador. Esse documento não permite que o portador ande armado, mas apenas que carregue a arma para praticar as atividades prescritas. Diego afirmou que tinha a pistola no carro por estar voltando de um estande de tiro e correu apanhá-la quando viu o primo cercado.

A versão dos disparos para o alto é negada por outras testemunhas, inclusive a que recebeu um dos tiros e reconheceu Diego como sendo o atirador. Para um guarda que acompanhou o episódio, Diego tenta livrar-se da acusação de tentativa de homicídio, mas também mostrar que não infringiu as regras que definem o porte de arma. Segundo o agente, o CAC tem permitido que muitas pessoas andem armadas, apesar de não terem permissão para isso.

No boletim, a delegada Michele Vilela Bulgareli também fez constar que a versão dos tiros para o alto não se sustenta, baseada no relato dos agentes de segurança, testemunhas e até em vídeo fornecido pelo bar e que foi adicionado ao inquérito. Por isso, autuou Diego por tentativa de homicídio e determinou sua prisão em flagrante.

O Barueri na Rede tentou entrevistas os GCMs que atenderam a ocorrência mas foi informado de que os agentes estão proibidos pelos superiores de dar qualquer informação à imprensa. O relato de uma leitora do BnR demonstra o que foi a cena para quem estava no P11 no momento dos disparos. “Eu fiquei desesperada, estava trancada no banheiro e só saí quando ouvi sirene da polícia, foi horrível! Bem na porta do banheiro, quando saí, tive ajuda de um amigo porque mal conseguia andar vendo sangue, bala no chão. Nunca passei por isso na vida, estou traumatizada total, lamento pelas pessoas atingidas, foi muito feio mesmo”.

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