Guarda municipal e três PMs são acusados de participar de 17 homicídios na noite de 13 de agosto de 2015
Um GCM de Barueri e três policiais militares vão a júri popular acusados de ter participado de uma série de homicídios em agosto de 2015 que ficou conhecida com “Chacina de Osasco”. De acordo com as investigações, em um intervalo de três horas, 17 pessoas foram assassinadas em Osasco e Barueri.
Nota divulgada pelo Tribunal de Justiça (TJ) de São Paulo nesta terça-feira, 7/2, afirma que as mortes foram uma vingança contra os assassinatos do cabo da PM Ademilson Pereira de Oliveira, em 7 de agosto, e de Jefferson Luiz Rodrigues da Silva, GCM de Barueri, em 12 de agosto.
Os acusados são Sergio Manhanhã, do Grupo de Intervenções Táticas Estratégicas (Gite) da Guarda Civil de Barueri, e os soldados PMs Fabrício Emmanuel Eleutério, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota); Victor Cristilder Silva dos Santos, da Força Tática; e Thiago Barbosa Henklain.
Segundo a decisão da juíza Élia Kinosita Bulman, da Vara do Júri e das Execuções Criminais de Osasco, há diversos elementos nos autos que sustentam a participação dos acusados. Ela afirma que os álibis apresentados não foram comprovados. “A singela narrativa restou, assim, isolada, de modo que a análise aprofundada das provas acerca da participação de cada um dos réus deverá ser feita pelo juízo competente”, escreveu em sua sentença.
Os quatro réus são acusados pelos crimes de homicídio doloso (quando há intenção de matar) qualificado (cometido por motivo fútil e de maneira que dificultou a defesa das vítimas), por tentativa de homicídio (sete pessoas foram atacadas, mas sobreviveram) e formação de quadrilha.
As investigações
Em 13 de agosto de 2015, 17 pessoas foram mortas e sete ficaram feridas em ataques feitos por homens armados em dez lugares num espaço de tempo aproximado de três horas em Barueri e Osasco. Segundo testemunhos e imagens de câmeras de segurança, eles perguntavam sobre antecedentes criminais e atiravam. Um mesmo veículo foi visto em vários dos pontos onde houve homicídios.
As investigações chegaram ao GCM de Barueri Sérgio Manhanhã por meio de um programa especial que recupera dados apagados de telefones celulares. A análise dessas informações do telefone do GCM encontrou contatos com “Cristil”, que seria o PM Victor Cristilder, outro dos acusados.
Manhanhã e Cristilder fizeram contato três vezes naquela noite e início de madrugada. Às 23h06, eles conversaram ao celular. E pelo Whatsapp, Cristilder enviou sinais de positivo para Manhanhã em duas ocasiões, às 22h02 e à 1h58, horários dos ataques.
Um dos sobreviventes do atentado num bar no Jardim Munhoz Junior, Osasco, onde morreram oito pessoas, disse à polícia que por volta de 20h10 duas viaturas “de grande porte, com a pintura camuflada e com um emblema de um tigre nas portas” (descrição dos carros do Gite), passaram lentamente diante do local.
Dois minutos depois, um Sandero prata chegou com quatro homens encapuzados. Três desceram e começaram a atirar em todas as pessoas que estavam no bar. O sobrevivente contou que um dos envolvidos na morte de Jefferson Luiz Rodrigues da Silva, GCM de Barueri, na véspera, era frequentador do local.
O levantamento do celular de Manhanhã apontou que às 23h39 de 13 de agosto ele estava na região da rua Irene, no Parque dos Camargos, onde, às 23h45 foram mortos Jailton Vieira da Silva e Joseval Amaral Silva.
Durante todo o processo, Sérgio Manhanhã alegou inocência e afirmou que não estava na área dos assassinatos quando eles aconteceram.