quinta-feira, março 28, 2024
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“Barueri não tem uma política voltada para a juventude”

por: Redação

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Para Adriano Beat, presidente do Conselho Municipal da Juventude, falta de projeto facilita ação do crime sobre os jovens

A cidade não tem uma política consistente para os jovens e isso facilita o recrutamento do crime. A opinião é do presidente do Conselho Municipal da Juventude (CMJ), Adriano Beat. Segundo ele, as poucas ações são realizadas longe dos locais de convívio dos jovens. De acordo com ele, cada bairro tem suas características e problemas e o que atende um, não atende outro. “O poder público tem que ir aonde está a vulnerabilidade”, afirma. “Se não vai ao foco do problema, abre espaço e a criminalidade entra”, afirma.

Adriano tem 44 anos e está em Barueri desde 1980. Há 20 anos trabalha no comércio de produtos para jovens (urban wear), foi protagonista do Movimento Hip Hop e sempre participou de ações e projetos ligados à juventude. Como presidente do CMJ, é um crítico da forma como o jovem tem sido visto pelas administrações municipais. “Não existe um projeto global, as secretarias não se falam, não tem uma política pública abrangente para a periferia, onde as questões são mais complexas”, analisa. Ele explica que hoje existem 60 mil jovens em Barueri (faixa classificada entre 15 e 29 anos, segundo o Estatuto da Juventude), desde a periferia até a classe média. “Muitos deles sem trabalho nem escola, e tem gente que não quer ver essa situação melhorar.”

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Para Adriano, modelo escolar desestimula o jovem e não prepara para o trabalho

O presidente do CMJ considera que a cidade tem uma estrutura mal utilizada e propõe usar as ferramentas já disponíveis, como manter as escolas abertas a atividades para a sociedade, ocupar espaços públicos e criar oficinas itinerantes. “Há uma grade interessante, mas são eventos acessórios, que não atacam o problema”, diz. “Estamos enxugando gelo.”

Na área da formação cidadã. Adriano defende a criação de uma agenda de workshops com temas diretamente ligados aos jovens, como saúde, sexo e drogas, por exemplo. Neste ponto, combate o atual modelo educacional. Para ele, a escola é arcaica, deveria ser mais aberta, com assuntos mais relevantes. “O estudante vai para a escola pelo diploma, não tem prazer, o dia a dia é uma coisa, a escola ensina outra, não há estímulo”, afirma. Em sua opinião, o estudante sai da escola sem horizonte. “O ensino médio não dá orientação profissional, não estimula o empreendedorismo.” Como resultado, segundo ele, 19 mil jovens em Barueri não têm segundo grau e, consequentemente, não têm emprego.

Esse cenário é, na sua visão, um convite ao crime. “A criminalidade é a questão. Ela está ali para empregar, pagar, por meio da droga, do roubo”, explica. “Ninguém nasce bandido, viciado ou criminoso, mas não é apoiado, é abandonado, e muitos vão se tornar mais um que não chega aos 25 anos.” Para combater esse quadro, ele considera que é urgente tomar medidas emergenciais para ao menos estancar o problema.

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“A criminalidade aproveita a falta de perspectiva para recrutar”

Adriano vê a situação da juventude como um círculo vicioso que começa muito cedo. “Os sonhos da criança são amputados desde o início, não é trabalhado na mente dela que ela é livre, que pode tudo, ela é doutrinada a aceitar que a vida dela são só limitações”, explica. “E a sociedade não oferece uma perspectiva de crescimento. Então, vem o crime e oferece.” Para ele não é feito um trabalho preventivo pela gestão pública.

O Conselho Municipal da Juventude é um órgão consultivo formado por 14 pessoas, metade indicada pelo poder público e metade por entidades da sociedade civil. Suas atribuições são funcionar como instituição deliberativa que fiscaliza, dá sugestões e faz indicações.

Atualmente, o CMJ trabalha na finalização do Plano Municipal da Juventude, que deve ser enviado à câmara nas próximas semanas. O projeto define as obrigações do poder público, traça diretrizes, aponta os direitos dos jovens e contempla a proteção da diversidade.

Além disso, promove ações de cultura e lazer para os jovens em que também são passadas orientações. Atualmente, está em preparação o projeto DJ no Seu Bairro. A proposta é que uma vez por mês ele visite um bairro unindo Djs antigos com os mais jovens. Além de música, serão dadas orientações sobre formação e tecnologia. Uma por mês em cada bairro

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