Depois de anos de queda nos registros de ocorrências, em 2021 cidade viu alta na criminalidade
O número da furtos e roubos, que vinha caindo ao longo dos anos anteriores, voltou a subir em Barueri em 2021, de acordo com os registros de ocorrências da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP). Chamados de crimes contra o patrimônio, eles podem ter sido impulsionados pela pandemia de covid, de acordo com autoridades da área. Os delitos contra a vida, como homicídio doloso e mortes no trânsito, variaram dentro da média recente, e os estupros continuam em patamares elevados sem sinal de queda. As estatísticas da SSP não apontam em que bairros os delitos ocorreram.
É considerado roubo o crime que consiste em tomar indevidamente um bem de outra pessoa mediante uso de violência ou de ameaça grave por parte do criminoso. Por exemplo, um assalto a mão armada ou praticado por um grupo de ladrões que cercam a vítima. Já o furto ocorre quando algo é tirado de alguém sem violência e sem que a pessoa perceba. Um volume de dinheiro ou um celular tirados de dentro de uma bolsa sem que o dono note ou de uma casa na ausência dos moradores são exemplos de furto.
No ano passado foram roubados ou furtados 706 veículos na cidade, o que dá uma média de quase dois por dia. Já nos outros tipos de furto e roubo, a soma atinge 2.987 ocorrências, ou mais de oito diariamente. Na soma geral, dez baruerienses perderam alguma coisa para criminosos todo dia. Esses números são inferiores aos de cinco anos antes, mas significativamente mais altos do que os de 2020.
O Barueri na Rede comparou os números de 2016 aos de 2021, para ter uma visão de longo prazo da evolução da criminalidade no município. Também considerou as estatísticas de 2019, por ser o último ano antes da pandemia de covid, e de 2020, segundo ano de covid e imediatamente anterior aos números mais recentes (veja tabela baixo).
Em Barueri, o registro de roubos caiu 38% entre 2016 e 2019 (de 1.461 para 907). No ano seguinte, foi registrada nova queda, dessa vez de 26% (de 907 para 674). Em 2021, porém, aconteceu alta de 28% (de 674 para 865).
Com os furtos ocorreu algo semelhante. Queda de 2.730 para 2.256 (18%) entre 2016 e 2019; nova queda em 2020, de 2.256 para 1.679 (26%) e um salto de 26% no ano passado (de 1.679 para 2.122).
No item roubo de carro, a queda foi de 53% entre 2016 e 2019, (de 280 para 132). O número se repetiu em 2020. Para o ano passado, no entanto, as ocorrências subiram 19%, de 132 para 158.
Por fim, nos furtos de veículos a situação é mais grave. Depois de uma queda de 15% de 2016 para 2019, e de outra baixa no ano seguinte de 19% (de 433 para 354), o índice deu um salto de 55% no ano passado (de 354 para 548), atingindo um patamar superior ao de 2016. Foi o único caso em que isso aconteceu. Nos demais delitos contra o patrimônio, mesmo com o crescimento dos registros em 2021, em nenhum deles foi atingido o número de 2016.
Autoridades ligadas à área de segurança atribuem as variações dos últimos anos à pandemia de covid. Segundo essas análises, em 2020, com o confinamento das pessoas e menos gente circulando, houve menor oportunidade de ação para os bandidos. Já no segundo ano da crise, de acordo com esses mesmos especialistas, o agravamento do desemprego e da situação financeira da população levou muita gente a viver em situação crítica nas ruas, o que teria aumentado o risco da prática de pequenos crimes, como furtos e roubos.
Crimes contra a vida
Nos chamados crimes contra a vida, a situação foi diferente. Nos homicídios dolosos, quando o autor tem a intenção de matar a vítima, a cidade manteve ao longo dos últimos anos uma variação cíclica. Em 2020 os registros cresceram de 12 para 17 em relação ao ano anterior, mas voltaram a 12 no ano passado. São números bem inferiores ao de 2016, quando foram registrados 22 assassinatos.
Também houve estabilidade nas mortes no trânsito, com variação de 14 a 17 por ano nos quatro períodos verificados.
Já no caso dos estupros, no total dos registros os números se mantiveram estáveis nos últimos três anos, mas muito altos. Houve baixa de 95 para 86 entre 2019 e 2020, mas alta para 92 delitos em 2021.
Se comparados com 2016, quando houve 59 casos, nota-se que é um crime com tendência de elevação ao longo do tempo, e para o qual as autoridades de segurança e da área social devem estar atentas. Uma análise do número de registros no passar dos anos mostra que há uma alta constante sem sinal de reversão.
O Barueri na Rede solicitou, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom) da prefeitura, uma análise dos números da criminalidade por parte das autoridades de segurança da cidade, mas até a publicação desta reportagem não recebeu nenhuma resposta.