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“Não quero a prefeitura cheia de políticos, quero técnicos”

por: Redação

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Para Néo Marques, a crise financeira do município está relacionada à má gestão, uso indevido do dinheiro e desperdício. Ele quer entregar as decisões a profissionais  

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Néo Marques vai tentar a prefeitura de Barueri pela segunda vez, novamente colocando-se como alternativa ao “coronelismo”, nome que dá ao grupo político que comanda a cidade há mais de três décadas. Apesar de priorizar as áreas de educação, saúde e segurança em seu programa de governo, ele destaca a má gestão como grande problema a ser enfrentado. Para isso, pretende diminuir o número de secretarias, extinguir o cargo de secretário adjunto e colocar técnicos nas funções de comando, em lugar dos apadrinhados políticos. “É necessário reduzir o tamanho da administração pública para que sobre dinheiro para investir”, afirma ele. Néo concorre pelo PMN, tem 56 anos, é pernambucano e está em Barueri há mais de 30 anos. É professor universitárion mas agora atua na rede pública de ensino.

O que o leva a ser candidato a prefeito?

É que eu gosto de gente, e eu quero cuidar, quero trabalhar pela gente. Sou candidato a prefeito porque eu acredito muito em Deus, em primeiro lugar, e eu acredito nas pessoas, eu acredito que a gente pode muito bem fazer a prefeitura de Barueri funcionar para o cidadão.


neo2Que medidas você vai tomar em curto prazo?

Saúde, educação e segurança. Vamos tentar diminuir a espera de uma consulta com médico especialista que hoje é de nove a onze meses. No primeiro ano, existe um planejamento para cair para três meses. No segundo, para 30 dias, no terceiro, para 15 dias, e no quarto, quando passarei o governo, se Deus quiser, para oito dias. Quem está doente não pode esperar. Se você espera um exame onze meses, já morreu. Hoje, infelizmente, a saúde de Barueri é o calcanhar de Aquiles. Recentemente, o ex-secretário, dr. Antônio, teve que se internar no hospital São Luiz em São Paulo para fazer uma cirurgia, quando nós temos um hospital de ponta que não funciona. A estrutura do hospital Francisco Morán é muito boa, mas faltam aparelhamentos, médicos, falta dar condição a quem trabalha ali. E por que não funciona? Por descaso. Primeiro, tinha uma fundação lá que estava começando a organizar o trabalho. Aí, o atual gestor tirou a administração anterior e colocou outra. O que falta? Gestão. Eu não quero uma prefeitura cheia de políticos, quero nos cargos de secretários, pessoas técnicas.

 

E a educação?

A Fieb, que é uma superintendência independente, vamos jogar para a Educação e vamos achar um formato a longo prazo de equiparar uma educação só, onde todo cidadão tenha direito. Hoje, o poder público escolhe pessoas para dar certo e pessoas que só para constar. Nós temos a Fieb, os ITBs, de qualidade, que são para quem vai dar certo, e temos as escolas de tempo integral e as comuns, de preenchimento. Isso não pode ser, tem que ser uma qualidade só. Os ITBs, por exemplo, nós vamos fazer convênios com empresas e implantar cursos de acordo com a realidade do mercado. Tem cursos no ITB que estão defasados, não têm mercado. Vamos conveniar com as empresas e preparar mão de obra nos ITBs para os jovens já saírem empregados. E se é tão fácil assim, por que os outros não fizeram? Porque não tiveram interesse. Entre dar esmola e dar liberdade, um emprego, esses políticos de carreira preferem dar a esmola, para o cidadão ficar dependente da cesta básica, de todo tipo de serviço.


neo-pb2Você também citou a segurança?

Nós, que moramos em bairros periféricos, tipo eu, que moro no Parque Viana, sabemos o distanciamento entre a segurança que tem no centro de Barueri e das periferias. Com relação à segurança, é um problema crônico. É um absurdo, mas se você analisar que o Demutran e a Guarda Civil têm serviços similares, estão na rua, e o Demutran ganha menos que a Guarda Civil. Precisamos equiparar a condição salarial, fazer o policiamento preventivo na área comercial. Você não vê guarda civil andando a pé nas áreas comerciais de Barueri. Então, nós vamos tentar fazer isso. Vamos também aplicar a operação delegada, que funciona muito bem em São Paulo, onde policiais militares na folga prestam serviços ao município. E vamos levar a segurança às periferias, porque lá estão os maiores índices de criminalidade de Barueri.

Qual seu projeto de gestão?

Vamos diminuir as secretarias para nove. Vão sumir os cargos de secretários adjuntos. Eu falo disso há três anos e o meu opositor começa a falar também, que é necessário reduzir o tamanho da administração pública. Para que sobre dinheiro para investir. Temos um orçamento comparável até com estados na saúde. Onde foi parar esse dinheiro? Precisamos fazer Barueri voltar a ser para o cidadão. O prefeito, o vereador são empregados públicos, não são autoridades para ser bajuladas. Se o povo confiar e me levar para a prefeitura, vai ter alguém trabalhando por ele 24 horas por dia.Não precisamos construir uma escola em cima da outra se nós não estamos dando ensino de qualidade. Se tivéssemos em Barueri um ensino de qualidade, os dois coronéis não estavam aí até hoje, pois o povo saberia que dar a cesta básica, dar remédio é obrigação da prefeitura. Ninguém precisa se humilhar a prefeito ou a vereador. Vamos acabar com a figura do vereador atravessador. O cidadão chega na Promoção Social e não consegue uma cesta básica. Vai na câmara e meia hora depois está com a cesta. Isso tem que acabar. A gente tem que fazer convênios como os do governo federal com as farmácias para que o cidadão vá lá e pegue o remédio e a prefeitura faça o pagamento das farmácias.


Pela primeira vez em 40 anos, o orçamento de Barueri estacionou, mas a população não para de aumentar. Como fazer?

neo-pbA gente tem que colocar o pé no chão. A crise não vai ser eterna, não vai ser permanente. O país parou, a crise política levou ao caos na economia, todos nós sabemos, então a gente precisa se voltar à realidade. Este ano mesmo, a câmara autorizou o prefeito a pegar R$ 5 milhões em empréstimo na rede bancária para recapeamento. Alguma coisa está errada. Onde foi parar, cadê o dinheiro? Cadê o orçamento aprovado no ano anterior e onde esse dinheiro foi parar? Então, temos que administrar passo a passo. Ninguém pode gastar mais do que arrecada.

Um tema recente na cidade é o do funcionalismo. Qual a sua visão sobre isso?

O servidor público de Barueri está insatisfeito, ganha pouco e é humilhado pelos cabides que são colocados. O candidato a vereador que teve 30 votos assume uma posição superior, a cidade não desconhece isso. Eu acho que fazendo um secretariado técnico e juntando várias secretarias, a gente vai aproveitar os servidores. Um engenheiro que trabalha na prefeitura, por exemplo, pode muito bem ser um secretário do Neo Marques. Muita gente me fala que a primeira coisa que eu vou fazer é encher a prefeitura de gente. Não tenho dez parentes, não tenho um milhão de amigos, não tenho um milhão de puxa-sacos para colocar na prefeitura. Nós vamos ver quem está no quadro do funcionalismo público, ele vai ser avaliado, se está fazendo um bom trabalho, se respeita a população, provavelmente vai continuar com a gente. Vamos avaliar também esse plano de carreira que está aí, que foi aprovado às pressas, vamos avaliar junto com o funcionalismo, o sindicato. Vamos governar ouvindo as pessoas, olhando nos olhos e construindo juntos, porque eu quero que o povo também se sinta responsável pelo prefeito, que o prefeito não seja apenas um símbolo. Vou atender as pessoas no gabinete, nem que eu saia três horas da manhã. Com relação à carreira do guarda civil, vamos fazer de forma que a cada três anos sem punição ele tenha uma promoção em referência e em salário. Os guardas de patrimônio que sofrem periculosidade na escola, nunca ninguém olha para eles, é irrisório o que eles ganham. É um cidadão que fica exposto a qualquer tipo de violência a qualquer hora. Então tem que ser valorizado não só em condições de trabalho mas em dinheiro também.

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Você crítica o assistencialismo, mas há necessidade de políticas sociais. Como você separa as duas coisas?

Num primeiro momento, o Estado tem que ser acolhedor, tem que acolher o cidadão que está desempregado. Então, você faz o cadastro, mantém a cesta básica e esse mesmo município começa a tentar arrumar um emprego, não dentro da prefeitura, porque todo mundo pensa sempre no setor público. Não. Você pode fazer convênio com empresas, vamos dar incentivo fiscal para elas. Em Carapicuíba, todo funcionário do Extra mora em Carapicuíba, só diretores, gerentes podem vir de fora. No supermercado Barbosa, em Barueri, o pessoal é de Guarulhos. No mercado Japão do Paulista, o pessoal é de Jandira, de Itapevi. Precisamos gerar emprego, deixar de ser cidade dormitório, que ainda é em parte. Os trens saem de Barueri lotados de gente que vai trabalhar fora daqui, enquanto ônibus vêm de fora para Alphaville, porque também não temos mão de obra qualificada.Temos que preparar Barueri para o cidadão, para que aqui trabalhe, que aqui deixe seus impostos, que aqui ele gaste. O comércio de rua de Barueri está sumindo. Temos que gerar emprego para o cidadão. Isso não vai cair do céu, vamos discutir com o empresariado, nada vai ser resolvido da noite para o dia. Eu não vou fazer como o Coronel Saruê falou, que em 60 dias ele coloca Barueri nos trilhos. Ele teve 16 anos e não fez. Não existe mágica. Eu sei que não vou encontrar flores no caminho, que a crise já chegou, se instalou, o dinheiro sumiu. E é desse ponto que a gente vai construir junto com o cidadão.


neo-pb-ent4Você insiste na questão do planejamento. Dê exemplos.

Veja esse empreendimento onde eram as Linhas Corrente. Já é um problema desenhado, tem milhares de famílias indo morar lá e tudo isso vai gerar lixo. Então, tem que resolver o que já está e planejar o futuro, envolver o governo municipal, a iniciativa privada e trazer o governo estadual. Precisamos somar forças porque o problema de um também é de outro. E não é de hoje. Quando o ex-prefeito deixou a cidade em 2012, deixou como ela está hoje. E agora vem como salvador da pátria? Não tem salvador da pátria. É preciso escolher pessoas que pensem na cidade, que olhem como um todo, pensando que a cidade só existe por causa do cidadão, e o cidadão tem que estar feliz com ela, coisa que atualmente não está.

 

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