sexta-feira, novembro 8, 2024
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Minha mãe era meu Deus

por: Redação

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Nana fala sobre a conduta cristã e a visão própria do ‘Deus de uma incrédula’

Nana Pequini, é formada em História pela FFLCH-USP e em Arte Dramática pela EAD- ECA- USP. Foi professora de teatro das Oficinas Culturais de Barueri e diretora do Teatro Municipal. É dona de um vocabulário de 603 palavrões que utiliza no dia-a-dia. “Não sou de briga , mas não amenizo!”, sustenta.
Nana Pequini, é formada em História pela FFLCH-USP e em Arte Dramática pela EAD- ECA- USP. Foi professora de teatro das Oficinas Culturais de Barueri e diretora do Teatro Municipal. É dona de um vocabulário de 603 palavrões que utiliza no dia-a-dia. “Não sou de briga , mas não amenizo!”, sustenta.

Sou ateia. Não acredito em um Deus. Em nenhum Deus. Nem em força superior, inferior ou dos lados. Certa vez ouvi uma frase que salvo engano é da cultura islâmica: “Deus fez os que creem e os que não creem”. Pois bem, se ele existe quis que eu pertencesse a segunda turma.

Já tentei me induzir à arrumar um Deus pra mim. Depois de “velha”. Fui bater tambor, fui desmaiar com passagem do Espírito Santo, receber passe… Nada! Tenho que me aceitar assim: Incrédula!

Quando era pequena tinha um medo de Deus do caralhoooo! Se eu fizesse algo que ele não gostasse ele iria se vingar. Eu iria para o inferno! Quantas e quantas vezes minha mãe usou a figura Divinal para cerceamento!
Sonhava muito com o inferno e eu lá naquela porra tentando explicar que eu não era tão má.
Se eu colava na escola já pensava na minha mãe descobrindo, os olhos de louco que ela fazia – os Pequinis faziam aquele olhar! GELAVA A ALMA… trancava o cu.
Era o medo de não ser digna do amor materno. Não merecer a roupa e o gasto com comida. Um ser infame que pensava “coisas” igualmente infames.
Assim tive minha infância e adolescência controlada por esse Deus particular que minha mãe desenhava e materializava para mim.

Dado momento, pequei! Pequei gostoso. Nada aconteceu. Nem o chão se abriu e nem tive peso na consciência por isso. Como se pode ter peso na consciência quando você faz algo que te agrada conscientemente? Realmente impossível.

Meu Deus vigilante dos bons costumes e punidor deixou de existir e deu lugar à um Deus que me exige mais consciência de mim mesma: Eu! Eu e minha relação com o mundo. O cuidado de existir. O certo e o errado pela simples razão de fazer o que é correto para mim e para os outros. Não existo e não vivo para fazer o que um Deus deseja. Faço para o meu bem e do meu próximo. As vezes deixo de fazer o que eu quero pelo bem do próximo. E lógico…quando posso e acho que não afetará a ordem universal faço o que quero e foda-se o gatinho!

É meus amigos…porque eu estou escrevendo isso?
Talvez eu queira dar uma lição…existe uma moral?
Não sei. Eu fiz porque o quis!

 

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