segunda-feira, outubro 7, 2024
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Mães denunciam: readequação de profissionais de inclusão prejudica alunos com autismo

por: Redação

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Segundo relatos, mudanças reduziram horas dos profissionais de inclusão com crianças, deixando estudantes sem acompanhamento previsto em lei federal

Mães e pais de alunos com deficiência, matriculados na rede municipal de ensino de Barueri, estão preocupados, e revoltados, com as mudanças adotadas pela prefeitura na atividade de profissionais de inclusão. Nomeados até abril deste ano como agentes de inclusão, suas atividades passaram por mudanças que, segundo a administração pública, regularizariam as atividades.

Já em abril, pais procuraram o BnR informando que a prefeitura havia retirado os agentes de inclusão que acompanhavam crianças autistas. “Em pleno mês da conscientização sobre o autismo, meu filho, que estuda na Maria Meduneckas, no Jardim Silveira, ficou sem o acompanhamento que tinha”, contou na época um leitor.

Segundo ele, a mudança só foi foi notada quando o filho apresentou mudanças no comportamento em casa. “Rotina é muito importante para quem tem Transtorno do Espectro Autista (TEA) e eles se apegam fácil. Meu filho fica repetindo o nome da agente dizendo que quer ir pra “escolinha” pra vê-la.”

Os pais relataram que ao consultarem funcionários sobre o que estava acontecendo, foram informados que atendimentos seriam dados ‘apenas a quem realmente precisasse’, sem informar qual critério seria usado para estabelecer quais alunos continuariam a receber os atendimentos, como e quando.

Ao ser procurada, a prefeitura, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), respondeu que não se tratava da retirada dos agentes, e sim de uma readequação na atividade. A nota, encaminhada aos pais que questionaram a retirada dos profissionais, informava que “os agentes de inclusão passaram a ser professores de inclusão. Desta forma, alguns detalhes burocráticos estão sendo finalizados e, o quanto antes, toda situação será normalizada”.

Sobre isso, pais se posicionaram afirmando que “a resposta é insuficiente… autista em escolas regulares têm direito a atendimento especializado, a agente de inclusão que acompanhava meu filho já era professora, nada justifica a troca e se ainda há detalhes a serem resolvidos, não deveriam retirá-la antes de resolver”. Mas aguardaram a normalização prometida pela prefeitura.

Dois meses depois, novamente mães entraram em contato com o BnR denunciando que agora, renomeados por uma lei municipal, os professores de inclusão tiveram a carga horária reduzida, o que deixa os alunos com autismo completamente desasistidos durante o período escolar. “O que aconteceu é que a carga horária foi reduzida. As crianças que precisam desse acompanhamento (crianças com alguma síndrome, transtornos, problemas na mobilidade, TEA) nas escolas ficam boa parte do tempo ao famoso ‘Deus-dará'”, afirmou uma mãe, que mora no Parque dos Camargos e tem a filha, de cinco anos, matriculada na Emei Maria Meduneckas.

A mãe da pequena, que está na segunda fase do pré e é disnosticada desde 2019 com a Síndrome do Espectro Autista, afirma categoricamente que a mudança não levou em conta o impacto que isso causaria na vida dos alunos. “Percebi que na primeira semana, minha filha ficou doente, logo ela ficou mais agitada e já não conseguia se concentrar na escola para seguir com as atividades, pois não está sendo assistida da maneira correta.” De acordo com ela, outras mães notaram o mesmo prejuízo ao desenvolvimento das crianças.

A situação seria tão alarmante, que alguns educadores, por conta própria, e sem conhecimento das diretorias, procuraram pais e mães demonstrando preocupação. “Na verdade a professora da minha filha foi quem me chamou para conversar escondido da diretora. A professora de inclusão só assiste minha filha por uma hora, em todo o período que ela está na escola”, contou uma das mães em contato com o Barueri na Rede. Ela ainda afirmou que a filha era mais atenta, conseguia participar mais das atividades devido ao suporte, e hoje já tem uma dificuldade maior.

Diante dos novos relatos, o BnR voltou a procurar a prefeitura para repassar as preocupações de mães, pais e educadores. A resposta enviada, por meio de nota, afirma que “com relação aos professores de inclusão escolar, as adequações funcionais foram realizadas de acordo com a legislação em vigor”.

Segundo outra mãe, a Secretaria da Educação informou, ao ser questionada diretamente pelos pais, que não precisava mandar professores de inclusão para a crianças, pois elas estavam sendo assistidas pelos agentes de classe por todo o período enquanto os professores de educação especial não ficam com eles. Entretanto, uma das escalas enviadas por pais ao BnR mostra só duas profissionais disponíveis para todas as salas. “Já levei as informações para vereadores, para a deputada Bruna Furlan, para o secretário Celso Furlan, eles visualizam e me deixam sem resposta. Isso vai contra a lei federal nº 12.764/2012”, denuncia.

A lei citada pela mãe, diz no artigo 3º, parágrafo único, que a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular tem direito a acompanhante especializado. A nota da Secom, sobre o quadro atual dos professores de inclusão, termina afirmando que “no momento, os alunos com deficiência do município estão sendo atendidos nas Unidades Escolares pelos professores da sala regular, pelos professores de inclusão escolar, pelos professores do AEE, além de todos os profissionais que prestam serviço nas escolas, resguardando a legislação e a qualidade do atendimento ofertado”.

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