Com mais de 25 anos de carreira, ele agita multidões em toda a região, tem 45 mil seguidores no Facebook e diz que sabe o que cada público quer ouvir
O negócio dele é botar a galera para dançar. É assim que DJ Buda define seu trabalho. Um dos mais importantes DJs da região, ele fala com paixão do seu ofício de animar de multidões a reuniões familiares. “Tem gente que faz porque precisa, outros já gostaram muito, mas se cansaram e continuam por necessidade. Eu faço com o mesmo prazer que tinha quando comecei, há mais de 25 anos”, conta ele.
Antes de mais nada é necessário um esclarecimento sobre seu nome artístico. Registrado no cartório como Marcelo Teixeira, o DJ ganhou o apelido quando ainda criança. Menino gordinho e invocado, um dia foi flagrado emburrado, caladão num canto, pelo irmão Lalo, que não teve dúvida: “Ih, olha o Buda”, referindo-se ao símbolo religioso do budismo. Pronto. Virou Buda para o resto da vida.
Os irmãos tiveram outras influências pra ele. Foi vendo Paulo brincar de DJ com seus LPs em casa que deu os primeiros passos na arte. Desde cedo se apaixonou pela black music e pelo samba rock e costumava copiar os movimentos do mano em casa. Mas logo se superou e já mandava bem quando foi convidado para animar as domingueiras do X de Setembro, então tradicional salão de baile do Jardim Belval. Foi com os amigos André e Doda e nunca mais parou.
O sucesso levou ao convite para tocar na danceteria Oasis, na época o principal endereço da música em Barueri e região. Ali, sentiu o que era embalar mais de mil pessoas ao som da música. A casa enchia toda semana, de quinta a domingo. Foi ali também que, no auge da coisa, conheceu a futura esposa.
Quando decidiu casar, achou que devia dar um tempo. Pensou que a vida de homem casado não combinava com a de DJ. Trabalhou de muita coisa, até que veio uma crise e não conseguia mais emprego. O jeito foi voltar pra música, onde está até hoje.
Em certo momento, conheceu o Samba na Praça, que dava os primeiros passos no Jardim Belval, e juntou-se a Gerson Pedro, criador da festa. A coisa cresceu tanto que começou a tumultuar o bairro, fechar as ruas ao redor, uma confusão. O Samba então mudou para o centro, durou um bom tempo e parou. Recentemente, houve uma tentativa de reativar, mas desentendimentos entre a organização e a prefeitura pararam com a iniciativa outra vez.
Nesse tempo todo, Marcelo cresceu como DJ em toda região, seja em eventos próprios, seja abrindo grandes shows de artistas conhecidos. Os convites para se apresentar foram se multiplicando e ele até criou sua própria empresa, a Malk Eventos. Não tem cidade neste pedaço da Grande São Paulo onde não tenha se apresentado.
Cria da black music e do samba rock, Marcelo foi se aperfeiçoando e acrescentando estilos diferentes na sua trilha. “A gente tem que estar atento no gosto das pessoas, cada público tem um jeito”, explica. “As pessoas estão ali pra se divertir, então meu papel é garantir a diversão.”
Ele se queixa de DJs que não aceitam variar seu repertório. “Acho isso incrível, é o nosso trabalho. Às vezes me procuram e já estou agendado, então procuro outros colegas, que recusam porque não é o estilo deles.”
Buda conta um episódio recente de um amigo que o contratou para animar uma festa no Clube Piratininga, tradicional salão de baile de gente mais madura na capital. Ele foi testando o gosto e mandou até boleros. A festa dos coroas pegou fogo. “Claro que no fim mandei um samba rock e todo mundo dançou”, lembra, rindo.
Hoje, Marcelo tem agenda cheia e público grande e fiel. Só de Facebook são nove contas praticamente cheias. É isso mesmo, quase 45 mil seguidores! Além de tocar, tem estrutura para locar equipamentos de som, luz e telão para bares e eventos. Sua agenda está cheia praticamente até maio. Mas não recusa trabalho e atende pelas redes sociais e no Whatsapp (11) 97441-4725.
Mas a pandemia de covid colocou essa força toda em risco. As propostas para festas sumiram de repente. Sobraram os casamentos e ele não teve dúvida: foi animar as festas dos noivos. O resultado foi que os amigos começaram a chamá-lo de Rei dos Casamentos. “Era o que tinha pra não parar e foi muito legal. É uma nova possibilidade.”
Outra lembrança que vai ter da pandemia é que também teve a doença. E não foi em festas. “Minha mulher é professora e pegou. Aí, não teve jeito, todo mundo em casa se contaminou, mas ninguém com gravidade. Ficamos um mês trancados.” Ele insiste para as pessoas não descuidarem. “Achamos sempre que não vai acontecer com a gente, esse é o erro.”
Marcelo diz que seu sucesso se deve à vocação. “Eu tenho uma sensibilidade pra entender o que cada público quer”, explica. Então, vai reparando no gosto da festa, observa os casais. “Vou tocando e observando as reações, como o povo dança em cada música, o que gosta mais. Aí é só seguir adiante.”
E é essa vocação que lhe dá a energia para trabalhar. “Meu negócio é diversão e música, é ver o povo feliz”, conta. “Já aguentei até 12 horas seguidas sem parar”, lembra ele.
Enfim, Buda, que não bebe nada nem consegue dar dois passos de dança, revela que seu sonho é ter seu próprio bar. “Lá, vou tocar de tudo, vai ser bem divertido.”