Decisão do prefeito abre temporada de candidaturas. E deixa centenas de candidatos a vereador e trabalhadores sem perspectivas
A decisão do prefeito Gil Arantes de não disputar a reeleição pegou até seus aliados mais próximos de surpresa e abriu especulações sobre quem poderá ocupar seu lugar na disputa eleitoral deste ano. Os primeiros nomes de possíveis candidatos ao cargo de prefeito já aparecem. Ao mesmo tempo, um batalhão de políticos e cabos eleitorais se viu diante de um impasse sem saber o que vai acontecer daqui para a frente.
Gil anunciou na quarta-feira (2/3) que pretende encerrar a carreira política ao fim de seu atual mandato, em dezembro. Os motivos alegados foram a necessidade de cuidar da saúde e o desejo de ter mais tempo para a família. Nos bastidores, aparecem mais duas razões: o prefeito está muito desgastado com as críticas que sua gestão vem recebendo e também com o comportamento de alguns aliados que estão abandonando seu grupo ou ameaçando debandar, exigindo favores.
Para comunicar sua decisão, Gil convocou seu secretariado para uma reunião emergencial na prefeitura na tarde de quarta (2/3). Nela, explicou seus motivos e fez o anúncio. Disse que não pretende tomar parte do processo eleitoral de nenhuma forma e que não indicará ou apoiará candidatos nem criará dificuldades para as lideranças que desejem participar da disputa pelo seu cargo. Também deixou todos livres para tomar a decisão que for melhor para cada um. Perguntado se isso incluía até mesmo aliar-se a seu adversário Rubens Furlan, o prefeito afirmou que sim.
Isso significa que a coalizão que tinha o prefeito como cabeça foi desfeita. Sem Gil, o grupo perde unidade e cada político que fazia parte dele precisa encontrar condições próprias para dar continuidade à carreira política. Com a decisão do prefeito, a disputa fica reduzida a uma única grande composição, a do ex-prefeito Rubens Furlan, que não tem como acolher todos os ex-aliados de Gil. É nesse cenário que devem ser construídas novas candidaturas.
Primeiros nomes
O primeiro político a se manifestar foi o deputado estadual Gil Lancaster (DEM), que teve o apoio do prefeito na eleição de 2014. Em nota divulgada na tarde de quinta-feira (3/3), Lancaster declarou que é candidato. “Tenho uma forte relação com Barueri e toda a população, por isso não poderia me furtar diante deste desafio, que é o de concorrer ao cargo de prefeito e, se for eleito, trabalhar para conquistar o melhor para a cidade”, diz o texto.
Outras duas lideranças do agora extinto grupo de Gil Arantes aparecem na lista de eventuais herdeiros do prefeito. O primeiro é o vice-prefeito e secretário de Educação, Jaques Munhoz. Por seu cargo, Munhoz seria o candidato natural tanto para repetir a dobradinha com Gil em outubro quanto para uma eventual candidatura em caso de desistência do chefe.
Mas nos bastidores corria forte o nome de Antonio Carlos Marques, o Dr. Antônio, vereador afastado para ocupar a secretaria de Saúde. Segundo aliados próximos a Gil, ele seria o preferido do prefeito e estava trabalhando para conseguir a vaga de vice na chapa.
O grande problema para construir uma candidatura em cima da hora é o financiamento da campanha. Gil já vinha atuando nesse sentido e tinha um grupo de empresas dispostas a lhe fazer doações. Sem ele, essas conversas teriam de começar do zero. Uma campanha para prefeito em Barueri é muito cara.
Além disso, sem dinheiro para bancar os candidatos a vereador, é difícil montar uma chapa competitiva, pois são necessários centenas de cabos eleitorais para que haja alguma chance de vitória. Gil Lancaster, por exemplo, tem a vantagem de ocupar o cargo de deputado e, como empresário bem sucedido, pode ter interesse em investir na candidatura.
Isso pode explicar porque as primeiras afirmações de Jaques Munhoz foram tímidas. A pessoas próximas, o vice-prefeito afirmou que não pretende entrar numa aventura e que seria necessário fazer uma grande aliança em torno de seu nome. Jaques já foi candidato a prefeito e conhece os problemas que teria de enfrentar.
Anteriormente, já haviam declarado intenção de disputar a prefeitura o ex-prefeito Rubens Furlan (PSDB), o ex-vice-prefeito Carlos Zicardi (PMN), o vereador Saulo Goes (PRB) e Jadir Rodrigues de Oliveira (Psol), o professor Jadis. Além deles, o PT também deve ter candidato própria, mas ainda não divulgou nenhum nome. O favorito ao posto é Baltasar Rosa, presidente municipal da sigla.
Candidatos a vereador estão órfãos
Outro problema que surge com a desistência de Gil é o destino dos candidatos a vereador de sua coligação, que poderia ter até 11 partidos. A agenda do prefeito tinha 380 nomes de eventuais postulantes a uma cadeira na Câmara.
Muitos desses candidatos não têm recursos próprios para bancar uma campanha e dependiam de verbas vindas da coordenação da campanha. Também não será possível ao grupo de Rubens Furlan absorver muitos deles, o que praticamente inviabiliza o projeto eleitoral da maioria.
O comunicado aos candidatos foi feito na noite de quinta-feira (3/3). Eles foram informados de todos os detalhes da situação, inclusive que estavam livres para buscar apoio em outros grupos e que qualquer tipo de ajuda que vinham recebendo terminava naquele momento.
“Eu vou desistir, não tenho como bancar”, explicava na quinta-feira uma pré-candidata do Jardim Silveira depois de ser informada que não receberia nenhum tipo de ajuda. “Eu sou do time do Gil, pretendia competir apenas para agregar votos para a coligação e ajudar a eleger alguém. Agora estou fora, não vou botar dinheiro meu nisso”, ponderava um pequeno empresário do Engenho Novo.
Além dos candidatos frustrados, há também um grupo de trabalhadores que atuavam no diretório municipal do DEM e que agora não sabem o que acontecerá. O mais provável é que sejam dispensados. No galpão do partido, na Avenida 26 de Março, desde quarta-feira o clima é de velório.
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