sexta-feira, julho 26, 2024
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Jovem do Parque Imperial se forma em medicina com bolsa 100%

por: Redação

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Erick de Moraes, de 27 anos, fez cursinhos pré vestibulares por dois meses e montou um plano de estudo em casa de um ano e meio

Por Ingrid Miranda

Erick, de 27 anos, é morador do Parque Imperial e estudou em escolas do bairro e no ITB do Jd. Paulista/Fotos: Arquivo Pessoal

O jovem Erick de Moraes Silva, morador do Parque Imperial, se formou no dia 5/12 no curso de Medicina, na universidade Anhembi Morumbi. Erick estudou por dois anos para conseguir a bolsa de 100% no curso, revezando cursos pagos com estudos em casa.

“Sempre me identifiquei com biológicas, principalmente a parte humana. Então, ser médico se tornou um sonho para mim”, relata. “Estudei durante o ensino fundamental na Emef Júlio Gomes Camisão, no Parque Imperial, e fiz o ensino médio no ITB Professor Munir José, no Paulista”, completa o jovem ao Barueri na Rede.

Em suas redes sociais, numa publicação que viralizou na internet com quase 100 mil curtidas, Erick conta que as pessoas ao seu redor se perguntavam como uma pessoa cheia de tatuagens podia cursar medicina, e que tampouco sabiam que ele estava ali, na faculdade com bolsa de 100%.

“Levei dois anos para conseguir uma nota suficiente para uma bolsa. Nessa trajetória, quando contei aos meus pais e alguns amigos que eu pretendia tentar medicina, por diversas vezes tentaram me fazer desistir desse sonho (alguns até tiravam sarro)”, relata ele, na publicação no Facebook. “Esse era um sonho que o meu pai considerava impossível em função da nossa condição financeira e devido ao meu histórico do ensino médio (repeti o segundo ano e tive muitos problemas com professores e diretoria)”, completa.

Em 2011, Erick entrou na universidade Mackenzie com bolsa de 100% para o curso de administração. “Não consegui a nota que eu queria, mas era o suficiente para entrar em uma boa universidade e tirar a pressão familiar”, relembra ele. Os planos do rapaz eram cursar administração e estudar medicina em casa para passar no vestibular, o que não deu certo. “Tive que cancelar a bolsa em administração. Lembro que o funcionário responsável me perguntou se eu tinha certeza do que estava fazendo, pois era uma bolsa no Mackenzie”, conta Erick ao BnR.

Após estudar por quase dois anos em casa, Erick conseguiu uma bolsa 100% em medicina na universidade Anhembi Morumbi/Fotos: Arquivo Pessoal

No início, Erick chegou a ter uma briga com o pai e ser expulso de casa. “Na metade de 2011, voltei para casa para prestar alguns simulados. Após estudar por quase dois anos em casa, no início de 2012 fui aprovado e convocado para fazer a documentação do curso”, descreve Erick em sua publicação. “Ao fazer a matrícula, aconteceu o inesperado. Foi um dos piores dias da minha vida, pois tive a documentação negada pela universidade ao alegarem que com uma renda de R$ 800 eu não teria condições para me manter no curso”, desabafa.

Após o trauma, Erick recebeu ajuda de quem menos esperava. O pai, que um ano antes o colocou para fora de casa por causa da desistência do curso de administração, foi até a universidade e conseguiu que aceitassem a matrícula de Erick para medicina. “Deus deu um jeito de me conceder a bolsa e, ao mesmo tempo, fazer as pazes com o meu pai”, desabafa Erick ao Barueri na Rede.

Mas se engana quem pensa que a história de Erick acabou por aqui. Durante sua trajetória, o jovem do Parque Imperial foi vítima de discriminação na universidade convivendo com alunos de bairros como Alphaville e se mantendo no curso com a bolsa auxílio de R$ 400. “Como se não bastasse, em 2014 precisei trancar o curso para trabalhar. Trabalhei como corretor de imóveis, fazia três escalas desde às 4h30 da manhã. Vendia trufas no escritório e caminhava de Moema até o Largo da Batata”, relata Erick. Ao fim do que ele chama de jornada, o rapaz comprou um celular melhor, um carro e roupas melhores.

Após sete anos, o jovem do Parque Imperial se formou em medicina no início de dezembro/Fotos: Arquivo Pessoal

Por fim, Erick voltou para a faculdade de medicina em 2015. “Infelizmente o que eu havia guardado de dinheiro não durou até o final da graduação. Como o curso é integral, e com estágios distantes, morei em hospitais (campos de estágios) e dormia no carro. Mesmo fisicamente e mentalmente cansado, eu não desisti”, confessa Erick.

“Minha mãe sempre me apoiou e conhecidos, que desacreditaram, hoje me parabenizam e demonstram admiração por mim. Ainda não decidi qual área da medicina pretendo seguir, mas trabalhando muito tenho certeza de que vou encontrar meu caminho.”

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