A história, que tinha tudo para terminar em tragédia, ganhou um final feliz para o garotinho e a família
Na manhã desta sexta-feira, 8/9, a família do pequeno Anderson, de quatro anos, encerrou um episódio de 16 dias – quase 360 horas – de angústias e incertezas. Às 10 horas da manhã, Anderson Gabriel Gomes da Conceição teve alta do hospital onde ficou internado, em Taboão da Serra.
Ainda com dificuldade na fala, já em casa, no Jardim Mutinga, onde mora com a mãe e as duas irmãs, ele só quer saber de duas coisas: assistir televisão e tomar ‘o tetê’. A mãe, Neidinalva Gomes da Conceição, não tem dúvidas: ali está o seu milagre. “Depois de tudo que ele passou… horas de agonia, a dificuldade no atendimento, a cirurgia, o problema no pulmão, tantos procedimentos e o coma. A melhor coisa é ter ele aqui comigo, em casa”, contou ela ao Barueri na Rede. “Todas as orações que foram feitas por ele, sem dúvida ajudaram a gente nesse momento tão difícil. Só tenho a agradecer a todos que pediram pela recuperação do meu filho”, completou.
Pode até parecer exagero, ‘coisa de mãe’. Ou o acidente que ele sofreu também poderia ter sido somente ‘coisa de criança’. Nem um, nem outro. O problema acabaria se tornando muito mais grave. Na tarde de uma quinta-feira, 24/8, o garoto caiu de cerca de cinco metros de altura e foi levado ao pronto-socorro do Mutinga e foi levantada a hipótese de hemorragia cerebral. Dali, Anderson foi transferido para o Hospital Municipal de Barueri (HMB), onde ficou mais de três horas aguardando atendimento dentro da ambulância.
Das 356 horas entre o momento da queda e a alta médica, as primeiras cinco apontavam para um desfecho totalmente desfavorável para Anderson. Foi uma recusa atrás da outra. Recusa de atendimento, recusa de medicação e até mesmo recusa de um cilindro oxigênio para manter o garoto, que estava entubado e com suspeita de hemorragia cerebral, dentro da ambulância à espera de atendimento.
Entre o coma induzido, a perfuração no pulmão, a cirurgia neurológica e a sedação completa, o momento que mais marcou Neide, a mãe do garoto, foi o despertar no filho, ainda no hospital. “Eu ouvi um sussurro, bem baixinho: ‘mamãe’. Nesse momento soube que Deus tinha dado meu filho de volta pra mim”, lembra.
Apesar das leves sequelas, como um comprometimento no braço e problema com a fala, Anderson já aos quatros anos é um sobrevivente. Ele sofreu traumatismo craniano, teve uma pequena hemorragia cerebral, fratura no tórax, passou por uma cirurgia, precisou ser induzido a um coma por mais de duas semanas e durante a colocação de um cateter sofreu uma leve perfuração no pulmão.
Mas, tanto para a mãe, como para a tia, Neide, que desde o acidente acompanhou de perto a irmã e o sobrinho, o que importa é que ele está bem. “Acredito muito que Deus sabe o que faz. Meu filho foi tão bem atendido, tão cuidado e amado pela equipe do Pirajussara, que ele ganhou uma família lá”, conta.
Anderson deve voltar ao hospital que o recebeu no dia 19/9, para uma avaliação neurológica sobre a necessidade de fisioterapia e reabilitação. A respeito da recusa de atendimento do HMB, Neide diz que por ora quer se dedicar à recuperação do filho e cuidar também das duas filhas. Desempregada, ela trabalhava como cozinheira numa maternal. “Agora preciso primeiramente arrumar um novo emprego para cuidas deles. Mas não gostaria que o que aconteceu ficasse por isso mesmo”, afirma.
Questionada pelo BnR se alguém do HMB ou da prefeitura procurou por ela para oferecer ajuda ou prestar algum auxílio, ela revela que a única vez que ouviu falar do HMB nesses 16 dias foi quando o chefe da equipe médica do Hospital Pirajussara, em Taboão, a procurou querendo saber de uma possível transferência. “Faltavam dois dias para meu filho ter alta quando o chefe dos médicos veio falar comigo, dizendo que tinham ligado lá e falado que eu pedi a transferência do Anderson para Barueri”, contou. “Eu neguei. Nunca faria isso. Falei para o médico que era mentira, que eu não pedi nada. Nem que meu filho precisasse ficar mais 20 dias internado, por nada eu tiraria ele de lá e traria pra esse hospital”, revoltou-se.
Até o momento, nem a prefeitura nem a secretaria de Saúde responderam aos e-mails enviados pelo BnR sobre o caso de Anderson.