quinta-feira, março 28, 2024
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Barueri, cidade morta

por: Redação

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Valter Klenk compara a proibição do carnaval por falta de segurança ao atestado de óbito da vida cultural da cidade 

“Ensaiei meu samba o ano inteiro, comprei surdo e tamborim, gastei tudo em fantasia, era só o que eu queria…”  Retalhos de cetim – Benito de Paula

Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.
Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.

Um ano de preparação. Juntam a comunidade, costuram fantasias, ensaiam, fazem o samba-enredo, ensaiam, ajustam detalhes entre as escolas, ensaiam, afinam as baterias, ensaiam, correm atrás de levantar fundos, ensaiam, buscam patrocinadores, ensaiam, acertam o local dos desfiles com o poder público, ensaiam, ensaiam, ensaiam…

Tudo pronto! Quanto trabalho! Mas, agora, é ir pra avenida e defender as cores da escola. Mais que isso, defender um trabalho da comunidade. Unida pelo samba, unida pela cultura, fortalecida pelo trabalho conjunto, como deve ser toda comunidade.

Contudo, aos 49 do segundo tempo, o juiz apita e decreta: Não vai ter jogo, não vai ter campeonato. Nem desfile, nem folia, tampouco apoteose. Não há segurança! A Polícia Militar diz que não fará segurança do evento, pois havia fim lucrativo. A prefeitura recusa colocar a Guarda Municipal para esse fim.

O que acontece é que o patrocinador colocou camarotes, choperia e praça de alimentação. Portanto, já que se visava o lucro, ela deveria arcar com a segurança. Aos 49 do segundo tempo! Sem tempo para mais nada. Se se pensasse no povo, o carnaval teria acontecido. As definições teriam ocorrido em tempo hábil.

Barueri já foi uma festa! Já teve desfiles gloriosos, com grandes sambas enredo que ainda batucam na cabeça de quem esteve lá. Já teve Jorginho Barueri, Nini, Jorjão, Mestre Régis, Portela, entre tantos outros, que sabiam fazer um grande evento popular. A maior festa popular do Brasil tinha ninho seguro aqui. Hoje, nem ninho, nem segurança.

Além do carnaval, acabaram com a micareta que acontecia no centro no final dos anos 90. O motivo: falta de segurança. Decretaram, ainda, a chamada lei seca e impuseram às casas noturnas horários impraticáveis para a própria sobrevivência. Nos anos 80 e 90, essas casas eram tomadas por shows, saraus e toda a sorte de variedades. Barueri fervia. Era referência na região. Mas, por falta de segurança…

Numa cidade que tem delegacias, tem batalhão da PM com reforço do efetivo da tropa que que veio de Taboão, tem uma Guarda Municipal bem estruturada e aparelhada, alegar falta de segurança é assinar um atestado de incompetência ou de falta de vontade política.

Mas, o espetáculo não pode parar. As escolas foram se apresentar nas cidades vizinhas, como Pirapora e Vargem Grande que tem, respectivamente, 11% e 18,5% da renda per capita de Barueri. Mas que podem oferecer segurança. E alegria. Enquanto isso, aqui, a Quarta-feira de Cinzas chegou mais cedo e o desfile virou cortejo.

Em tempo: Como seria bom se o Ministério Público tivesse a mesma agilidade com o inquérito sobre os preços abusivos das passagens de ônibus. Cheira a novo velório.

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