sexta-feira, julho 26, 2024
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Animais de rua em Barueri: “As pessoas se comovem, mas é só isso”.

por: Redação

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Apesar do trabalho do Cepad e de protetoras independentes, sem ajuda da população, situação de abandono muda pouco

Barueri, como as grandes cidades, tem um problema que parece sem fim: animais de ruas, abandonados e em situação de risco. Cães, gatos, filhotes, adultos, dos mais variados portes e personalidades, os bichos resgatados no município não têm um perfil definido, a única coisa em comum é que todos precisam de cuidados, e de todos.

Ninhada retirada das ruas ainda muito pequenos. Após resgate, todos passaram por adoções responsáveis/Foto: arquivo pessoal

O BnR recebe frequentemente pedidos de ajuda: em algum lugar, um cãozinho ou gatinho precisa de resgate ou está sofrendo maus tratos. Já foram noticiados casos de filhotes em situação de risco, como os cães de rua do Chácaras Marcos, que geraram enorme comoção, o trabalho de protetoras independentes que atuam resgatando animais das ruas de Barueri e feiras de adoção promovidas pelo Cepad, órgão da prefeitura que recolhe, trata e abriga os bichos em situação de risco de Barueri.

Antes e depois do resgate e adoção/Foto: Arquivo pessoal

Para os dois primeiros casos, a comoção e mobilização que se vê nas redes sociais retrata uma realidade apenas teórica: todos se importam e fariam alguma coisa pelos animais abandonados. Porém, na prática, a causa não é tão abraçada pela sociedade. E essa realidade se mostra nos resultados das ações para proporcionar um lar para os resgatados.

No Cepad, que tem capacidade máxima de abrigar 320 animais, estão 220 cães e 90 gatos retirados das ruas por “estarem doentes, feridos ou atropelados, serem agressivos, com mordedura comprovada pelo meio do Sinan”, segundo o Cepad, que esclarece que somente nesses casos os animais são atendidos pelo Resgate Municipal.

Em situação de risco, é comum animais adoecerem. O cãozinho, assistido por um grupo de protetoras da qual Ana Roseli faz parte, foi diagnosticado com cinomose e passa por tratamento. Vaquinhas ajudam a custear o tratamento/Foto: arquivo pessoal

Após passar por tratamentos específicos para recobrar a saúde, o que inclui cuidados com ferimentos existentes, transfusões de sangue, cirurgias, antibioticoterapia, por exemplo, eles recebem tratamento contra parasitas, vacinação, são castrados e microchipados. “Em alguns casos, também passam por processo de  socialização com o  adestrador e recebem banhos periódicos com tosa, quando necessária”, explica o Cepad. Após isso, os animais são colocados para adoção em feiras.

É nesse momento que fica clara a importância da participação das pessoas, que se comovem com a situação dos cães e gatos quando estão nas ruas. Com uma média de 12 eventos de adoção por mês, o comum é que em média apenas um pet arrume um lar. Quando ocorrem eventos grandes, como o Dia Animal, esse número aumenta para 15 adoções.

Ana Roseli, que é uma das protetoras independentes que atuam em Barueri, tem uma explicação para a pouca, ou quase nenhuma, adoção dos animais retirados das ruas. “As pessoas ficam comovidas, tristes, xingam, falam…mas atitude mesmo, é quase zero”, afirma. Segundo a protetora, as pessoas preferem ir a num petshop, comprar, do que adotar. “Ah, esse cachorro é da rua. Ah, mas esse cachorro tem hábitos.. ah, ele não é tão inteligente”, revela, sobre as diversas objeções que vê quando se trata de adoção de animais retirados das ruas.

Ações auxiliares

Atuando como uma força extra para diminuir a quantidade de animais abandonados, as pessoas que se dispõem a realizar resgates por conta própria encontram muitas dificuldades, já que costumam assumir todos os custos com o animal. “É muito difícil. No meu último resgate tínhamos uns 28 cachorros. Sabe quantos eu consegui doar até agora? Dois! Dois cachorrinhos”, conta Ana, que durante os anos atuando como protetora tem bem claro que as pessoas, quando decidem ter um animal de estimação, na sua grande maioria preferem os de raça, como pastor alemão, husky, poodle. “As pessoas não querem animais que não têm raça definida. Elas se comovem, mas é só isso”, lamenta.

Adoções, além de fechar o ciclo de resgate dos animais de rua, também possibilitam novos resgates/Fotos: Cepad

Um outro fator que colabora para a quantidade de animais nas ruas é a adoção não pensada, o que gera o descarte quando o pet cresce. Depois de anos atuando como protetora, Carla Ferrari precisou diminuir a intensidade dos resgates, mas mesmo distante da causa, a moradora de Barueri continua ligada aos bichinhos, intermediando adoções responsáveis e lançando mão de contatos com veterinários e clínicas que apoiam as protetoras da cidade. Ela também tem uma visão bem firme sobre adoções. “As pessoas precisam ter em mente duas coisas: bicho não é babá de criança e dá trabalho, não são pelúcia. Eles fazem xixi, fazem cocô, precisam de atenção. Mas com amor e paciência, eles se adaptam e viram parte integrante da família”, garante.

Todos podem ajudar

Mesmo nas ruas, animais podem receber cuidados para ter um a vida melhor com alimentos e abrigos/Foto: Campanha Cepad

Tanto as protetoras quanto o Cepad são categóricos: a causa precisa de toda ajuda. Se não podem levar para casa, as pessoas podem cuidar como animais comunitários, cuidando, alimentando e realizando a castração do animal. O ideal é a adoção, já que por mais que sejam bem tratados, nada se compara à um lar e a experiência de troca de afeto é boa para todos.

Tanto nas feiras, no próprio Cepad, quanto pelas mãos de protetoras, são diversas as possibilidades e opções para quem decidir ter um pet e quiser fazer isso por meio de adoção. Nas redes sociais de grupos de amparo animal e do Cepad é possível ver e conhecer os cães e gatos que estão em busca de um lar. Além de fechar o ciclo do resgate, cada adoção possibilita que um novo animal ganhe um lar.

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Acrescento a este tema um adendo que não pode ser esquecido: as pessoas que criam os animais na rua, mesmo tendo uma casa, com portão e muro para que eles não saiam. No local em que vivo tem algumas “categorias” desse tipo de dono. Ano passado fui resgatar um cão com queda de pelo na rua. O alimentei, mas ele se assustou quando me aproximei com a caixa de transporte. Ele entrou em um imóvel comercial e o trabalhador do local disse que ele morava lá há anos e era de um parente, mas que não parava em casa (aham) e saía contra a vontade dos donos. Outra cadela já idosa vem comer em casa, e está sempre faminta. Come de dois a três sachês de uma vez, mas não está abandonada. Tem uma casa, mas os donos trancam o portão e a deixam na rua. Um gato muito amoroso que passava pela mesma situação dessa cadela idosa e que comia em casa também, pois os donos não o alimentavam, foi atropelado e não resistiu. Os donos “jogaram fora” para não levar ao veterinário, já que ele aparentava ter poucos instantes de vida. A justificativa: “a casa é pequena (5 cômodos) e por isso não deixo os gatos entrarem dentro de casa”. E assim a sociedade vive: de hipocrisia, pois ter um animal é como ter um filho. Não se pode deixar “as ruas” o criarem. É preciso saber que haverá gastos, uma ou outra frustração, mas eles são inocentes e precisam ser tratados com amor e carinho. Creio que enquanto não houver leis mais rígidas, as pessoas não vão começar a mudar sua visão, pois muitos só agem certo quando são obrigados ou ameaçados, ainda que por uma normativa legal. Parabéns por abordarem esse tema tão delicado, que na teoria faz parecer que não existe na cidade das oportunidades, mas para quem não vive em uma bolha, sabe que a realidade é diferente. Abraços.

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