Paulo Corrêa de Souza respondia processo por ter atirado contra três pessoas durante um churrasco em 2020 e chegou a ser preso por tentativa de homicídio de dois jovens
A polícia, que investiga a chacina que vitimou quatro pessoas da mesma família no último sábado, 3/9, considera como vingança a motivação do crime ocorrido em Pirapora do Bom Jesus. Paulo Corrêa de Souza Júnior, que foi executado junto com a esposa, a mãe e o padrasto, respondia a três acusações de tentativa de homicídio por ter atirado contra três pessoas num churrasco em 2020 em Santana de Parnaíba.
Afastado da função de GCM de Carapicuíba para exercer a atividade de advogado criminalista e assessor parlamentar, Paulo chegou a ser preso por após tentar matar Maria de Moraes Oliveira, João Paulo Cardoso de Moraes e Josué de Moraes Oliveira, com disparos de arma de fogo durante uma festa. Na ocasião, uma discussão com Maria de Moraes começou por conta de bebida.
Segundo o processo, que tramitava no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP), Paulo se irritou quando Maria pediu uma bebida e passou a ofendê-la, dizendo que ela não tinha o direito de beber, já que não tinha levado nada para o churrasco, e teria ido em direção a ela para agredi-la. Impedido pelos demais convidados, ele se aproximou da mulher dizendo para que aproveitasse a festa, pois naquele momento ele estava sem farda, mas, no dia seguinte, estaria fardado e voltaria para ‘pegá-la’.
Foi quando Paulo deixou a festa e permaneceu nas proximidades, armado. João deu carona a Maria e Josué na hora de ir embora, e de dentro do carro viram Paulo se aproximando. Em seguida, ele disparou seis vezes contra o veículo. Duas perfurações atingiram o porta-malas e duas, a lateral direita do carro. As vítimas não foram atingidas. Na sequência, o denunciado, com uma motocicleta, começou a fazer uma perseguição ao veículo das vítimas.
Na mesma época, Paulo foi preso em flagrante após tentar matar dois jovens, uma de 18 anos e outro de 20 anos. Segundo o Boletim de Ocorrência, GCMs de Santana de Parnaíba foram acionados para atender a uma ocorrência de disparo de arma de fogo, em que o suspeito estaria em uma Honda/XR 250. Chegando ao local, as vítimas contaram que houve uma discussão envolvendo a jovem e o guarda municipal, que teria tentado agredi-la. Após a discussão, os jovens estavam indo embora quando o autor passou a efetuar disparos de arma de fogo contra o veículo em que eles estavam, um Fiat/Uno Mille cinza. Nenhum dos ocupantes do carro foi atingido.
Sinais de tortura
Exames preliminares constataram que Paulo teve os braços quebrados antes de ser executado com um tiro na cabeça. Ele voltava com a esposa, Ana Carolina Ferreira, a mãe, Marlene Aparecida de Souza, e o padrasto, Israel Aparecido, de uma cachoeira, quando foi interceptado numa estrada de Pirapora do Bom Jesus e todos foram mortos por disparos de arma de fogo.
Como nada da família foi levado pelos criminosos, que deixaram inclusive o carro onde as vítimas estavam, um Chevrolet Prisma, a polícia não acredita em latrocínio (roubo seguido de morte). Para Flávio Fragoso Gomes, comandante da GCM de Carapicuíba, “quem fez, planejou bem o local para não ter acesso, nem fuga de veículos e à pé. Era um local bem ermo”. As investigações consideram vingança como a motivação do crime. A perícia recolheu 11 cápsulas, uma faca e os celulares das vítimas.