sexta-feira, abril 19, 2024
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Uma pequena vila perdida no meio do nada

por: Redação

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A ambição dos emancipadores que sonhavam com sua própria cidade contrastava com a simplicidade do pequeno povoado distante de tudo

A vida não era fácil em Barueri nos tempos da emancipação. A luz elétrica ainda não tinha chegado para todos e os lampiões impregnavam casas e roupas com o cheiro do querosene. O trajeto de 1,5 mil metros entre o Largo São João e a Aldeia exigia muita paciência. O curso original do Tietê dava a volta ao bairro e para ir ao centro era necessário tomar uma balsa, que não tinha horário determinado, para atravessá-lo. Em caso de urgência, pescadores que viviam por ali faziam a travessia em seus barcos em troca de alguns tostões.

Também não havia ligação entre o centro e o Belval, que começava a ser habitado. Para quem fosse a pé, era possível pegar uma picada que acompanha a margem do Barueri Mirim, então bastante sinuoso. De carro, o jeito era passar debaixo do pontilhão da ferrovia, seguir pela estrada de Jandira e cruzar a linha do trem na altura do Curtume Franco Brasileiro, perto de onde atualmente fica a estação do trem.

Na época, o que hoje é Barueri não passava de dois vilarejos, o centro e a Aldeia, mais três bairros que começavam a receber as primeiras moradias, Cruz Preta, Boa Vista e Vila Nova, no Belval, e pequenas propriedades agrícolas espalhadas do Jardim Paulista ao Tamboré, do Reginalice às Chácaras Marco. Nelas, a principal atividade era uma pequena produção em que predominava o milho. O Censo de 1950 apontou que a cidade tinha 4.499 habitantes, dos quais 978 viviam na Aldeia e os demais 3.521 moravam no centro ou espalhados pela zona rural.

Quatro ruas

O vilarejo de Barueri resumia-se basicamente a quatro endereços: o Largo São João Batista e as ruas Dom Pedro II, Campos Sales e Duque de Caxias. “Tudo se concentrava em volta do largo”, lembra Luiz Barletta, que nasceu bem ali, em 1933. Era ali que estavam o comércio, o frigorífico, o distrito policial, o clube, a igreja, os poucos escritórios. O casario se espalhava pela elevação da Campos Sales até a altura da atual Cristã no Brasil e ia, de um lado, até o morro do São Jorge, e de outro, até a Duque. Uma típica vila do interior do Brasil do começo do século passado. Nada mais.

vila
Barueri no início do século passado: a estação em primeiro plano, o Largo São João Batista com a igreja e poucas casas espalhadas na região da avenida Duque de Caxias

Ao redor, muito mato e longas distâncias a percorrer em estradas precárias para vilarejos ainda menores. Muito do que era necessário transportar ia a cavalo ou de carroça. Barueri tinha uma das poucas escolas da região e nenhum médico. A luz elétrica foi chegando devagar. Comunicação, só o telégrafo da estação ferroviária.

A maneira mais prática de ir a São Paulo era o trem. No final dos anos 1940, as maria-fumaças da Estrada de Ferro Sorocabana passavam quatro vezes por dia e a viagem durava duas horas. De carro, o trajeto era feito pela estrada dos Romeiros, que cortava uma área praticamente desabitada onde hoje estão os municípios de Carapicuíba e Osasco, até o bairro de Pinheiros.

Mas complicado mesmo era ir até a sede do município, Santana de Parnaíba. Tudo que se relacionava à prefeitura ou às repartições estaduais tinha que ser feito lá, como tirar um alvará ou pagar uma taxa municipal. O meio de transporte mais prático e barato era o ônibus de Celidônio Guerra. “Ele ia e vinha umas três vezes por dia, mas sem horário fixo. Quando tinha um número razoável de passageiros, ele partia”, recorda-se Érico Rohm, nascido em 1934 e que viveu a vida toda na Aldeia de Barueri. Quem tinha pressa e, principalmente, dinheiro, podia pegar um táxi no Largo São João Batista. E muita gente ia mesmo a cavalo.

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