Até quando educadores, que têm a missão de integrar, vão criar desculpas mas excluir os diferentes? É o que pergunta Leandro Kdeira
Mesmo com a crescente presença de alunos com deficiência nas escolas regulares, ainda podemos ouvir histórias absurdas. Como a que ouvi recentemente de uma professora sobre o comentário da diretora de uma escola diante da intenção de uma mãe matricular sua filha na Educação Básica.
A diretora, na tentativa de negar a matrícula para a criança, alegou que a escola não estava apta para recebê-la. Até aí, nenhuma novidade, visto que apenas cerca de 19% das escolas de Educação Básica são acessíveis no Brasil – minha tia também ouviu isso alguns anos atrás quando foi me matricular e tantas outras pessoas continuam ouvindo até hoje. Justificativa essa que não é aceitável.
O maior absurdo nessa história toda foi que a diretora, em comentário com outros professores, não queria aceitar a matrícula porque achava que a aluna usava fraldas. Vejam só que visão mais simplista. É ou não é para se revoltar? Não vem ao caso o fato da aluna usar ou não fraldas. O que há, é a tentativa de excluir.
Infelizmente a educação no Brasil não foi pensada como algo para que todas e todos pudessem ter acesso. E essa falta de acesso não é algo restrito somente às barreiras arquitetônicas.
No caso da história dessa diretora, a pior barreira aí que deve ser quebrada é a atitudinal. Destruindo todos esses conceitos e estereótipos criados desde a época em que ter uma deficiência era sinal de estar possuído por um demônio ou a pessoa era uma aberração e que deveria ser exterminada.
E qual é a forma como essa desconstrução deve ser feita? Agindo da forma como a mãe dessa criança fez. Não aceitou a justificativa “esfarrapada” e foi em busca de formas que pudessem fazer valer o seu direito de matricular a criança nessa escola. Para que ela possa estimular os professores e a dita “diretora” a buscar novas técnicas e aprender a lidar com a diversidade e oportunizar aos outros alunos “normais” a chance de viverem em um ambiente com mais pluralidade e solidariedade, para que num futuro breve não existam mais diretoras como essa.
Faltou humor hoje né?