Grupo de empreiteiras, que pagava propina para vencer grandes licitações da Petrobrás, é investigado em operação da Lava Jato
A Polícia Federal (PF) cumpriu mandados de busca e apreensão em Barueri na manhã desta quarta-feira, 23/10. A ação faz parte da 67ª fase da Operação Lava Jato, denominada Tango & Cash, em que é investigado um cartel de empreiteiras que pagava propina à Petrobrás para ganhar licitações de grandes obras.
Ao todo, estão sendo cumpridos 23 mandados expedidos pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR). Em São Paulo, são oito alvos divididos em Barueri, Campinas e na capital. No Rio de Janeiro, são 14, entre a capital, Petrópolis e Angra dos Reis. E o último é no Paraná, na cidade de Matinhos. Os envolvidos tiveram R$ 1,7 bilhão de bens bloqueados pela Justiça Federal.
Segundo a PF, o chamado ‘clube’ de empreiteiras foi formado, inicialmente, por nove membros, Odebrecht, Setal-SOG, UTC, Camargo Correa, Techint, Andrade Gutierrez, Mendes Júnior, Promon e MPE. A partir de 2006, o cartel aceitou novas companhias, totalizando 16. Uma das investigadas, a Techint, é suspeita de ter pago 2% do valor de cada contrato com a Petrobrás, sendo R$ 60 milhões em propina.
Para maquiar os pagamentos, o ‘clube’ repassava os valores, via empresas offshore com contas na Suíça, para ex-diretores e ex-gerentes da Petrobrás por meio de contratos fraudulentos de assessoria ou consultoria. A estimativa é que um dos ex-diretores da estatal chegou a receber 9,4 milhões de dólares entre 2008 e 2013, sendo que algumas parcelas foram pagas após ele ter saído da Petrobrás, em 2012.
Assim, a operação é focada em ex-funcionários da Petrobras, que se beneficiaram do esquema, e são investigados por corrupção. E também, em intermediários da Techint e de mais duas consultorias, que teriam cometido lavagem de dinheiro.
O nome da Operação Tango & Cash foi escolhido por conta dos valores das propinas e da empresa envolvida, Techint, ser um grupo ítalo-argentino.