Grupo nasceu para estimular pessoas em tratamento de males crônicos a vencer por meio da atividade física
Muita gente que vê o pessoal do Pelotão 17 correndo pelas ruas de Barueri não sabe que o grupo nasceu da intenção de melhorar a saúde e a qualidade de vida de pessoas com doenças crônicas. Hoje, o Pelotão participa de dezenas de provas todo ano pelo Brasil, mas perto de completar cinco anos, não perdeu a essência original.
Tudo começou em 2013, quando Hélio Jr, o Helinho, iniciou o trabalho em uma ONG para atender pessoas em tratamento domiciliar. “Eu percebia que muitas estavam perdendo a motivação de viver, algumas até bem jovens, e passei a pensar numa forma de dar um incentivo a elas”, lembra ele.
Hélio, hoje com 41 anos, sempre correu, desde jovem. Um dia, fazendo um treino com um conhecido pelos bairros da cidade, mostrou sua inquietação e no caminho tiveram a ideia de formar um grupo voltado a quem estava perdendo a luta para a doença. A conversa durou 17 quilômetros e, por isso, a iniciativa foi batizada de Pelotão 17.
Em 2014, começaram as atividades, que nunca mais pararam. Centenas de pessoas passaram pela equipe nesse período, e muitos realmente mudaram de vida. “Temos muitos casos de gente que tomava remédio controlado e hoje não toma mais, diabéticos que ganharam qualidade de vida, pessoas que se libertaram da obesidade sem medicação”, conta Helinho.
O grupo é aberto e gratuito e mantém atividades quatro vezes por semana. Depois de uma parada para o fim de ano, as atividades voltam no sábado, 12/1. Os encontros são na pista às margens do rio Tietê, em frente à entrada do condomínio Alphaview, e sempre começam com um aquecimento orientado por um professor de educação física voluntário. Cada atividade reúne entre 60 e 70 pessoas.
Aos sábados e domingos, a partir das 7h50 e na terça, às 19h30, são realizadas caminhada e corrida. “A atividade é inclusiva, então temos diferentes níveis de esforço para cada pessoa”, diz Helinho. Já na quinta, o treino é puxado, com corridas de 5 e 10 quilômetros.
Para quem decide ir além, o Pelotão organiza grupos para participar de provas em toda parte. Desde 2014, por exemplo, sua presença é obrigatória na São Silveira, tanto na caminhada quanto na corrida. Além disso, muitos participantes decidiram ir mais fundo e disputam provas por conta.
Horácio deixou 23 quilos para trás
Horácio Ribeiro, de 43 anos, sempre se incomodou com as gracinhas que ouvia sobre sua obesidade, principalmente no trabalho, de colegas mais jovens. Com 1,60m de altura, ele pesava 76 quilos. Até que um dia, em janeiro de 2015, decidiu tomar uma atitude e se matriculou numa academia. “Eu já paguei um ano de cara para não desistir logo”, lembra ele. De lá para cá, não teve um dia que não tenha praticado atividade física.
No primeiro ano, perdeu 18 quilos. Mas antes disso, em setembro, viu o pessoal do Pelotão 17 em atividade e decidiu conhecer o projeto. Logo no primeiro dia, seu desempenho chamou a atenção e foi convidado para ficar. Naquele mesmo ano, em dezembro, participou da São Silveira.
Sua vida mudou completamente, a começar pelos hábitos alimentares. “Eu comia uma pizza inteira sozinho, chegava numa festa e logo pedia um prato de salgadinhos só para mim”, diz. “Eu tinha tanta insônia, que tomava um caixa de Neosaldina por mês, para dormir.”
Hoje, Horácio está 23 quilos mais magro do que quando começou e vive competindo em provas de rua. Em 2018, conquistou 12 pódios, e este ano quer superar a marca. “A gente começa a estabelecer metas e isso é uma motivação a mais”, conta ele.
Apesar de participar provas por conta própria, Horácio continua no Pelotão 17 e até levou para lá alguns daqueles garotos que faziam piada de sua barriga.
Moisés correu da depressão
De repente, Moisés Roberto, de 42 anos, se viu sem rumo. Em 2015, aos 39 anos, viu terminar um casamento de dez anos, perdeu as referências, e ameaçava embarcar em processo de depressão. Já não tinha motivação para nada, perdeu o emprego, as economias acabaram e a dívida no banco só aumentava. “Eu só vivia na cama”, lembra.
Até que venceu a timidez e decidiu aceitar o convite do irmão para conhecer o Pelotão. Como tinha sido atleta quando serviu o Exército, rapidamente entrou em forma, passou a participar das atividades, disputou provas e, numa delas, conheceu sua noiva. A depressão nunca mais deu sinais.
Ao contrário de Horácio, que gosta de desafiar os tempos, Moisés prefere as distâncias. Especializou-se em meias maratonas (21 quilômetros) e já disputou duas maratonas completas (42 quilômetros). Agora, está se preparando para enfrentar uma ultramaratona de 50 quilômetros.
Ele ressalta que um dos pontos fortes do Pelotão é o entrosamento dos membros. “Eu gosto de correr em grupo, e como não tenho a preocupação do tempo, muitas vezes faço o ritmo dos colegas e o treino vira uma coisa coletiva, prazerosa”, conta.
Participação livre
O Pelotão 17 é um grupo aberto e gratuito. Os membros só têm que arcar com as despesas pessoais, como inscrições em provas e custos de viagem, se quiserem competir. Para participar das atividades, basta se apresentar na pista do Tietê aos sábados e domingos, às 7h50, e às terças, às 19h30. Às quintas há treino intensivo a partir das 19 horas.