Alunos da EE Estudante Henrique, no Maria Helena, ocupam o prédio desde 11/11. Eles protestam contra a PEC 55 e a reforma do ensino médio
Completou uma semana nesta sexta-feira, 19/11, a ocupação da Escola Estadual Estudante Henrique Fernando Gomes, no Jardim Maria Helena. Os secundaristas realizam o movimento para protestar contra a reforma do ensino médio e a PEC 241 (PEC 55 no Senado), a Proposta de Emenda Constitucional que congela investimentos sociais, como saúde e educação, por 20 anos.
Apesar das tensões da véspera da tomada da escola pelos alunos e no próprio dia da ocupação por intervenção da Guarda Municipal e da Polícia Militar, a semana transcorreu tranquila no colégio. A orientação das duas corporações foi não interferir no movimento e procurar manter a segurança dos adolescentes.
Segundo os jovens, durante a semana a PM tem passado regularmente no local e conversado com os estudantes, sempre fazendo perguntas relativas à segurança deles e do prédio. Já os carros da Guarda apenas têm feito rondas, sem nenhum tipo de abordagem.
Ensino fundamental realocado
Pais de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Prof.Suzete da Costa e Silva Mariano, que funciona no mesmo local, chegaram a iniciar uma movimentação para pressionar pela liberação das instalações, mas a Secretaria de Educação do município realocou os estudantes dali para três outros locais próximos: Emei Prof. Elaine Calsolari, Emef Francisco Zacarioto e Biblioteca Municipal Oswaldo Eleutério.
Também houve um início de protesto por parte de outros alunos do ensino médio, mas que não foi avante. Assim, a ocupação continua sem prazo definido ou, “até que se resolva a questão da PEC”, segundo os ocupantes da escola.
Participam do movimento cerca de 50 adolescentes, mas nem sempre eles estão todos ao mesmo tempo no edifício. Em geral, passam a noite acordados e é comum que alguns vão para casa se alimentar ou tomar banho, por exemplo. A alimentação tem sido garantida por familiares, vizinhos e professores simpáticos à causa.
A rotina da ocupação
Segundo os estudantes, para manter a ocupação e a ordem no prédio foram criadas comissões de trabalho, chamadas por eles de brigadas: alimentação, agitação e propaganda, alvorada, segurança e limpeza. “Não vamos dar motivo para quem acha que somos vândalos desocupados”, diz um dos coordenadores. A formação das equipes mantém um rodízio para que todos se envolvam em todas as tarefas.
Além disso, são realizadas atividades políticas e culturais na escola, como palestras, oficinas e debates sobre temas como machismo, racismo, questão LGTB e homofobia, entre outros. Também há debates sobre a PEC 55. “As pessoas que tentam desmoralizar o movimento dizem que nem sabemos o que é a PEC, mas estão muito enganados”, afirma um aluno. “Pelo contrário, às vezes vem gente aqui questionar e quando devolvemos a pergunta sobre o que é a emenda, eles desconversam”, diz outro.
“Também afirmam que o movimento é partidário. É outra mentira, repetem um discurso que nem sabem onde ouviram, aqui ninguém tem vínculo com partido nenhum”, garante uma das líderes. “O que queremos é garantia para a educação e nem é para nós, é para o futuro, para os filhos destes que nos criticam.” Segundo os secundaristas, eles têm conversado com os moradores dos arredores para explicar as razões do movimento. “Infelizmente, as pessoas não fazem ideia do que está acontecendo”, afirma um aluno. “Queremos conquistar mais seguidores, porque essa causa é de todos.”
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