“Brancos e negros devem se posicionar contra as injustiças e o genocídio que o país empreende há anos”
Gerson Pedro
O vereador Bruno Marino Mariano Fernandes (Podemos), da cidade de Carapicuíba, foi vítima de um ato racista que, segundo as suas próprias palavras, foi praticado pelo seu colega, o também vereador e médico João Naves Neto (PSD).
O fato se deu nesta terça feira (10/12) nas dependências da sala dos vereadores durante uma discussão e Bruno Marino foi chamado de “Preto Safado”, o que gerou profunda indignação na vítima e nos demais que presenciaram o impropério.
De pronto, o vereador Bruno Marino valeu-se do Artigo 301 do Código de Processo Penal: “Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito”. Este artigo distingue o dever dos agentes públicos de uma possibilidade concedida ao cidadão comum, que não é obrigado a agir, mas pode fazê-lo se julgar necessário.
Essa possibilidade de prisão por cidadãos é uma forma de participação ativa na manutenção da ordem pública, embora deva ser exercida com cautela e em conformidade com as restrições legais. Na prática, a voz de prisão é dada no momento em que o cidadão testemunha um crime e se sente compelido a impedir que o autor do crime fuja ou continue sua conduta criminosa.
O destemperado vereador Dr. João Naves, logo após ter sido localizado nas dependências da Câmara Municipal, foi conduzido por uma viatura para o Distrito Policial.
Nós do MNU, Movimento Negro Unificado de Carapicuíba, repudiamos veementemente mais esse ato de racismo perpetrado contra uma pessoa negra e de público manifestamos o nosso total repúdio contra o racismo e a intolerância perpetrados em Carapicuíba, no nosso País e no mundo.
O racismo, em pleno século XXI, é inaceitável e deve ser firmemente combatido e devemos proteger as vítimas de preconceito racial em qualquer parte do mundo. A prática do racismo integra os chamados crimes de ódio.É importante repudiar veementemente esses atos de racismo e conhecer a história do nosso povo negro enquanto povo brasileiro.
Para discutir a diversidade, precisa-se discutir a desigualdade. Quando se conhece a origem social das desigualdades, entendemos as reivindicações históricas do movimento negro.
Assim, pessoas brancas poderão entender a importância de discutir o racismo a partir do seu lugar social e como ele foi construído historicamente na sociedade. Por isso, brancos e negros devem se posicionar contra as injustiças e o genocídio que o país empreende há anos.