quinta-feira, março 28, 2024
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Ó Cedilha

por: Redação

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Com ironia, uma pitada de sarcasmo, um tom que mistura o poético com o ácido, Valter Klenk é um cronista desta cidade e destes tempos tão confusos

Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.
Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.

“A novidade veio dar na praia, na qualidade rara de sereia, metade busto de uma deusa maia, metade um grande rabo de baleia…”  Gilberto Gil e Herbert Vianna 

Mais um ano terminando, retrospectivas aqui e acolá,  votos disso e daquilo e esperanças de que tudo será melhor. Todo fim de ano o que vemos são os mesmos velhos rituais.

Entretanto, para que haja mudanças, é necessário que haja negação. A antiga dialética de Hegel: tese, antítese e síntese. A segunda negando a primeira para que se obtenha a terceira. 

 Ora, ora, ora! Por que esperar a diferença quando fazemos tudo do mesmo jeito? No lançamento do Barueri na Rede, alguns amigos externaram uma ponta de dúvida sobre a novidade.

Talvez porque o passado e o presente, tão latentes, validem essa desconfiança. O novo sempre foi e será produto de um olhar feito por um ângulo diferente, não viciado, que consegue detectar aspectos não observados, simplesmente, porque não aceita a coisa pronta. 

Dias atrás, aconteceu um episódio que ilustra isso. Foi um diálogo ocorrido quando Carlos Klenk estava com seus sobrinhos, Júlia, de cinco anos, e Caio, de três. Ambos já em contato com as novas tecnologias e conhecedores dos numerais e  das letras do alfabeto: 

– Caio: Tio, que letra é essa? Diz ele apontando para o teclado do computador. 

– Carlos: Esse é o C Cedilha. É igual ao C, de Caio, mas tem esse risquinho embaixo. 

– Júlia: Então, esse é o Ó Cedilha? Arremata apontando para a letra Q. 

Olhamos tanto para o mesmo que acabamos achando que é assim que deve ser e que não possamos ou devamos ver de outro modo. Barueri é uma cidade relativamente nova, todavia, tem costumes antigos, talvez herdados de Santana de Parnaíba e, por isso, é muito conservadora.

Sempre se cercou de tradições, sejam religiosas ou na forma de se fazer política ou, ainda mais, de se fazer imprensa, podemos verificar práticas que qualquer pessoa, um pouco mais atenta, poderá afirmar que ela, a cidade, parece estar ainda no ano de sua emancipação. 

É realmente surpreendente que, numa cidade onde não se veem embates políticos e participação popular, possa viver um momento de lutas contra o Estado onde os estudantes tomaram para si a responsabilidade de defender o ensino público e seu próprio futuro.

Esses estudantes que ocuparam as escolas por todo o Estado criaram uma centelha de esperança. É a juventude que faz vanguarda, que faz a hora e não espera acontecer.  Se o ano novo cria a espera de novidades, ele terá que ser muito responsável, pois, nesse ano que está terminando, os jovens estudantes fizeram a lição de casa e tiraram dez.

Cabe à sociedade deitar um olhar diferente sobre suas próprias questões e fazer diferente, ver o Ó Cedilha! Caso contrário, será sempre o Q, o Q, o Q…

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