Desde 2019, o hospital vem registrando um aumento no caso de mortes de bebês. Mãe denuncia negligência que causou morte da bebê horas depois do nascimento
O aumento no registro de mortes de recém-nascidos numa maternidade municipal Amador Aguiar, de Osasco virou alvo de investigação por parte do Ministério Público de São Paulo. Desde 2019, o número de mortes de bebês que nasceram saudáveis, e em partos tranquilos, na unidade de saúde, chamou a atenção das autoridades.
Segundo uma mãe, em depoimento ao Fala Brasil, da TV Record, após uma gestação tranquila, a filha nasceu no tempo certo e saudável, mas ainda na maternidade, a recém-nascida começou a ter quadros de vômitos incessantes, e diante dos questionamentos da mãe, a resposta era que talvez fossem resíduos do parto. “Eles só diziam pra eu me acalmar”. Segundo a mãe, Flávia Pereira, o quadro da bebê piorou, os médicos disseram que ela estava com problemas pulmorares. A recém-nascida piorou, precisou ser levada para a UTI, teve uma parada cardíaca, infecção generalizada e acabou morrendo sete horas após nascer.
Ao Ministério Público, Flávia denunciou a maternidade por negligência médica e pediu que a morte da filha seja investigada. “A gente fica ansiosa pra ter nosso filho no colo, prepara enxoval e recebe a notícia de que não levar nosso filho para casa e sim para o cemitério”, desafabou a mãe.
Mortes acima do aceitável
Os relatórios apresentados pela maternidade ao MP de São Paulo, ficou constatado que há pelo menos três anos os números de recém-nascidos mortos vinha crescendo. Em 2019, 22,61% dos bebês nascidos na unidade morreram; em 2020, foram registradas mortes de 23,14% e em 2021 a taxa de mortalidade cresceu para 25,56% – todos os dados estão acima do considerado aceitável pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que é de 20%.
Um outro caso também será investigado pelo Ministério Público, de uma mulher, gestante de seis meses, e do bebê. Mesmo com um pré-natal em dia, após passar mal, Jucilene dos Santos Moura foi levada à maternidade e duas horas depois foi liberada para casa. Novamente na unidade, o feto acabou morrendo na barriga da mãe. Segundo o marido da paciente, ela passou por uma cesariana para retirada do feto e uma curetagem, que causou mais perda de sangue.
A equipe médica da maternidade decidiu então fazer mais uma cirurgia para retirada do útero e parte da placenta. Com o agravamento do quadro da paciente, ela foi transferida para outro hospital, onde foi constatada a perfuração do intestino dela durante as operações. A gestante não resistiu e acabou morrendo em decorrência de um choque séptico, causado pela perfuração.
A família acusa o hospital Amador Aguiar de erros nos procedimentos que levaram à morte da gestante e do feto. Em nota, à TV Record, a maternidade negou que tenha havido negligência no caso da morte da filha de Flávia Pereira, que teria recebido todo suporte necesssário. Já no caso da segunda paciente, a alegação é que a morte dela e do feto foram em decorrência de “complicações inerentes ao procedimento e aos antecedentes obstétricos e cirúgicos”.