Prefeito quer apurar se funcionários da prefeitura se envolveram no esquema. Investigado acusou Gil de pedir 30% do valor do contrato como propina
O prefeito Gil Arantes (DEM) disse ter instaurado uma sindicância para apurar se funcionários da prefeitura estariam envolvidos no escândalo da merenda escolar. A Polícia Civil e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público (MP) investigam fraudes em licitações de merenda escolar praticadas pela Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), de Bebedouro.
De acordo com denúncia de um ex-funcionário da Coaf, servidores de prefeituras de 22 cidades paulistas e políticos teriam se beneficiado do esquema, recebendo propinas para favorecer a cooperativa.
Barueri está na lista e, mais grave, ao ser preso, na terça-feira da semana passada (19/1), Adriano Gilberto Mauro, vendedor da Coaf, afirmou que um contrato celebrado pelo então presidente da empresa, Cássio Chebabi, e pelo vendedor Emerson Girardi, com Gil Arantes, previa o pagamento ao prefeito de 30% do valor total.
Gil negou a acusação desde o início e sempre disse que nunca teve nenhum contato com diretores ou funcionários da cooperativa. “Eu soube pela imprensa que eu tinha sido citado nas delações do Adriano Mauro e eu quero dizer que eu nunca me reuni com nenhum diretor da Coaf”, declarou o prefeito ao site de notícias G1.
De acordo com ele, o contrato de compra de suco de laranja para a merenda foi resultado de uma licitação legítima vencida pela Coaf. “O preço do suco de laranja, que é o mais discutido, foi R$ 1,23 e eu tenho certeza absoluta que é um preço de mercado e um preço justo, tanto que ela ganhou”, disse.
No depoimento de Adriano Mauro à Polícia Civil, consta o seguinte trecho: (o depoente) “tem conhecimento que esse contrato estava fraudado porque Cássio e Emerson se comprometeram a pagar 30% de seu valor ao citado prefeito (Gil), valor evidentemente impossível de ser saldado; tem conhecimento também que esse acordo não teria sido cumprido, uma vez que o prefeito não recebeu o dinheiro combinado, tanto que ele fechou as portas da prefeitura para a Coaf”.
Ele declarou também ter participado de uma reunião em Barueri, no escritório de um homem que se identificou como Moacir. Nesse encontro, segundo ele, estaria presente a secretária de Finanças da Prefeitura, Geanete Resende da Silva. Na conversa, a Coaf teria se comprometido a honrar as comissões combinadas e não pagas desde que as portas da prefeitura voltassem a se abrir para ela.
O prefeito saiu em defesa da secretária. Ele negou que Geanete tenha se encontrado com Adriano. “É uma grande mentira. Ela também nega. Eu conheço ela e trabalha na prefeitura há mais de 30 anos e nunca participou de nada e a honestidade dela está acima de qualquer suspeita”, afirmou Gil, segundo o G1.
O problema para Gil é que ele é o único prefeito citado no depoimento, apesar de as investigações envolverem 22 cidades. Os demais políticos implicados são o presidente da Assembleia Legislativa, Fernando Capez (PSDB), o ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo do Estado, Luiz Roberto dos Santos, o presidente estadual do PMDB, deputado Baleia Rossi, o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB) e o deputado estadual Luiz Carlos Gondim (SD).
Além disso, o ex-presidente da Coaf, Carlos Chebabi, que teria negociado o contrato com Gil, assinou acordo de delação premiada com o Ministério Público. Em seu depoimento, dado na quinta-feira passada, Chebabi teria, segundo a polícia, dado detalhes sobre as cidades onde o esquema teria operado.
Saiba mais sobre o caso:
Investigação de fraude na merenda chega a Barueri
[…] Gil abre sindicância para investigar merenda […]
[…] Gil abre sindicância para investigar merenda […]
[…] Gil abre sindicância para investigar merenda […]