Teve de tudo na sessão, coisa de fazer inveja às brigas de torcidas organizadas. Tudo ao vivo, diante da câmeras, promovido pelos nobres vereadores
E o clima esquentou no Parlamento
Pois é amados e fiéis leitores, nesta terça-feira ensolarada, dia em que os honoráveis representantes do povo barueriense se reúnem nas dependências do portentoso Parlamento 26 de Março para, em tese, discutirem as questões mais relevantes e de interesse geral, mais uma vez o barraco desabou, mais uma vez virou a saudosa maloca digna de fazer inveja aos maiores encrenqueiros que frequentavam os rendez vous do número 69 da Rua dos Andradas na capital paulista , ou o famigerado 900 dos bons tempos de Barueri, ou então a cantada em versos e proza Boate Querosene que existia na Estrada Velha de Itapevi.
A gloriosa sessão
Sim, senhoras e senhores, nunca é demais recordar que nas últimas sessões que antecederam a essa, sabe-se lá por quais motivos, uma horda de adeptos do candidato a prefeito apoiado pelo prefeito Rubens Furlan, praticamente tomou de assalto as cadeiras reservadas à plateia e aos gritos e apupos, incentivados é claro por provocações sorridentes do presidente daquela egrégia casa de leis, fizeram com que os apoiadores do candidato Gil Arantes engolissem em seco, ficando com os seus gritos entalados na garganta e tendo que suportar as gozações dos seus adversários.
A réplica
Bem, se os defensores da legenda 10 do Beto Piteri deitaram e rolaram durante as ultimas sessões legislativas, transformando a plateia da câmara num verdadeiro picadeiro do Fuzarca e Torresmo, calando aos berros as tímidas manifestações dos adeptos do 44 Gil Arantes, era de se esperar que a resposta viria. Uma turba, uma galera ululante, trajando camisetas azuis com o número 44 do candidato Gil Arantes, se aboletou na galeria, mostrando com muita veemência que a bronca seria cobrada. E não deu outra, mal começaram os trabalhos e o alarido tomou conta, demonstrando o bate-fundo que se avizinhava, mas nunca é demais se destacar as provocações irônicas do presidente Toninho Furlan, que a todo tempo cutucava aos presentes e aos vereadores que os representavam. E a cada provocação o povaréu urrava, dava grunhidos espasmódicos.
Deu um passa moleque
Amados leitores, mal se iniciou a sessão e o salseiro se instituiu, pois o nobre vereador reeleito Allan Miranda, afinado com a galera do 44, animava os mesmos, o que provocou a insatisfação do presidente Toninho Furlan, que de forma também provocativa, o instava a se calar fazendo uso do microfone. Não é preciso explanar a balburdia que se instalou, com o presidente dizendo ao vereador palavras como “cala a boca, cala a boca, cala a boca, senta aí, senta aí (de forma bem ríspida), bem ao estilo “passa moleque”.
O alarido foi geral
A plateia, que pelo visto queria ver o sangue jorrando, praticamente uivava quase chegando a orgasmos múltiplos diante da barafunda instituída e protagonizada pelos lídimos representantes eleitos pelo mesmo povo que uma vez unido jamais será vencido. (risos discretos)
Uma pausa para reflexão
Mas nada como uma leitura bíblica para acalmar os ânimos que estavam bastante exaltados. Dessa forma, seguindo os ritos tradicionais da colenda Casa de Leis, o presidente convocou ao vereador Thiago Rodrigues para que o mesmo fizesse a leitura de um trecho bíblico, como é de praxe em todas as sessões. O nobre edil, que não é bobo e nem nada, antes de fazer a leitura do texto, aproveitou o ensejo e deu uma bela e envenenada futucada no ora irrequieto público e os demais manifestantes, dizendo que os mesmos não estariam respeitando a hora de se ler a bíblia. A verdade é que o sacrossanto Parlamento 26 de Março já havia se transformado num verdadeiro pardieiro, uma casa da mãe Joana (com todo respeito à Mae Joana é claro).
E a laicidade onde fica?
A laicidade na política é um princípio fundamental que define que o Estado deve ser neutral em relação a questões religiosas, não privilegiando nenhuma crença ou religião. A laicidade garante a separação entre o Estado e a Igreja, protegendo as crenças e as liberdades religiosas. Um Estado laico não pode adotar uma religião oficial, nem preterir ou privilegiar crenças.
A laicidade na política significa que:
o ordenamento jurídico do país não pode se vincular a nenhum credo religioso;
nenhuma política pública deve ser executada por motivações religiosas;
a atuação política estatal não deve se imiscuir em assuntos religiosos;
o Estado deve proteger todas as formas de religiosidade sem distinções.
O Brasil é um Estado laico, mas não é totalmente laico e vive um processo de laicização. A laicidade é um processo de construção social e política, assim como a democracia. Isso ficou claro ou não?
A sessão foi encerrada
Com o povileu eletrizado, com uma tremenda bagunça instituída, com o clima esquentando, podia-se ouvir uivos, impropérios, xingamentos, pragas, maldições, mas tudo isso só incentivou ao inoxidável presidente em fazer uso das suas atribuições legais e simplesmente encerrar a histórica sessão aos gritos, dando inclusive murros na mesa, terminando tudo com um sonoro “VAI SE FUDER”, que foi ouvido por muitos dos presentes, inclusive por esse velho escriba, tudo bem ao estilo enfant terrible bem boca suja. (risos discretos)
Sessão encerrada virou quizumba
Aí, então, não é preciso descrever a baixaria que se instituiu, com direito a gritos, uivos lancinantes, palavrões gerais, ameaças de agressões físicas, inclusive com o vereador Allan tentando dar uns catiripapos, umas porradas mesmo no presidente. O cortiço instituído precisou contar com outros nobres representantes do povo que incorporaram a turma do deixa-disso, enfim, foi um espetáculo digno de se assistir por quem adora um conflito, um barraco. Esse é o clima que está marcando a primeira vez que a cidade Flor Vermelha que encanta vai ter um pleito decidido em segundo turno.
Mas não foi só o vereador Allan
É claro que durante o clima avassalador que se instalou, esse velho jornalista não poderia deixar de citar a pândega atuação do também vereador reeleito Hélio Jr,, que antes era adepto do Furlan e a posteriori aderiu ao candidato Gil Arantes e, diferentemente de uns e outros que fizeram uso da traição na maior cara de pau, provavelmente incorporado num justiceiro do sertão, também teve que ser contido pela turma do deixa-disso ao tentar dar umas bordoadas no insigne presidente e em seus apaniguados. Destaque-se que o ilibado vereador antes de tentar partir para as vias de fato, fez questão de atirar objetos em direção ao presidente. Enfim, foi um alarido total, um Deus nos acuda, uma tremenda demonstração de desrespeito dos representantes, para com os seus representados.