Promotores pediram transferência de investigações porque maioria dos recursos é da União. São investigadas 22 cidades, entre elas, Barueri
O desvio de recursos da merenda escolar passará para a Justiça Federal e a investigações serão responsabilidade da Polícia Federal (PF). A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 15/6, pelos promotores de Ribeirão Preto, no interior paulista, que conduziam o inquérito até agora. Segundo eles, a mudança deve-se ao fato de que 93% das verbas destinadas à alimentação dos estudantes era repassada pela União. “Resolvemos pedir a transferência porque, como a maior do dinheiro tinha origem no governo federal, não queremos que no futuro possa haver qualquer tipo de problema por causa da competência sobre o caso”, explicou o promotor Leonardo Romanelli.
O esquema de desvio envolvia a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coag), de Bebedouro que, segundo denúncias feitas por ex-funcionários, pagava propinas para políticos e funcionários de prefeituras para vencer licitações em que cobrava preços superfaturados.
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A Operação Alba Branca, iniciada no ano passado e que apura as irregularidades, identificou 22 municípios paulistas em que há suspeita de prática do crime, entre elas, Barueri. Mas o Ministério Público acha que o número pode chegar a 100 municípios.
A soma dos contratos sob suspeita supera os R$ 38 milhões. De todo o material colhido pela Polícia Civil e pelo Ministério Público, destacam-se três delações premiadas, escutas telefônicas de conversas entre membros do esquema e farto material recolhido nas cidades sob suspeita.
Barueri sob investigação
Barueri apareceu pela primeira vez nas investigações em janeiro, quando Adriano Gilberto Mauro, que trabalhava como vendedor da cooperativa, declarou que foi fechado um acordo pelo então presidente da Coaf, Cássio Chebabi, para que o prefeito Gil Arantes recebesse 30% do valor total de um contrato que seria fechado.
O ex-funcionário chegou a mencionar detalhes de em encontro realizado num escritório e Barueri para definir as bases da negociata. Teria tomado parte desse encontro a secretária de Finanças de Barueri, Geanete Resende da Silva. Mauro disse, porém, que a cooperativa não conseguiu cumprir o acordo e que Gil não recebeu o dinheiro.
No entanto, num depoimento feito posteriormente em delação premiada, Emerson Girardi, outro funcionário da Coaf, cita um acerto entre a Coaf e a prefeitura de Barueri envolvendo o secretário de Assuntos Municipais, Daniel Lancaster. Segundo Girardi, Lancaster pediu uma comissão de 25% sobre o valor de um contrato futuro. Teria havido uma negociação, a propina teria caído para 15% e, de acordo com o ex-funcionário, a comissão foi paga.
A prefeitura de Barueri nega que qualquer pessoa ligada à gestão municipal tenha particidado dos crimes cometidos pelo grupo da Coaf e que uma investigação interna não encontrou nada de irregular. Em nota divulgada nesta quarta-feira, a administração diz que “o prefeito e seus secretários municipais desconhecem os representantes da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (COAF) e não participaram de qualquer diálogo referente a acordo ou contratação de seus serviços”.
O texto também afirma que Gil Arantes se “colocou à disposição das autoridades que investigam o caso, enquanto determinou apuração interna para identificar se houve vícios no processo de licitação do período investigado, não encontrando nenhuma irregularidade até então.”
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