Com o fornecimento cortado há mais de uma semana, moradores de um dos blocos do conjunto já não tem água para uso pessoal
Por: Caroline Rossetti
Um prédio de apartamentos, no Jardim Mutinga, teve o fornecimento de água cortado há mais de uma semana devido a administradora não ter repassado o valor arrecado para pagamento da conta. Com o problema, 16 famílias estão sem água para uso pessoal.
O conjunto, que fica na rua Manoel Pereira da Silva, 330, é administrado pela Pré Domínio Cobranças e Títulos, com sede no centro de São Paulo, há dez anos. Todo dia 20 de cada mês, os moradores devem pagar a conta do condomínio, que tem a cobrança da água embutida, assim, a administradora é responsável por repassar os valores para a Sabesp.
Os moradores do bloco um, que conta com 16 apartamentos e foram afetados pelo problema, afirmaram ter procurado a empresa de saneamento e foram informados que a fatura está em aberto e que, se eles conseguissem juntar o montante poderiam quitar a dívida, que ultrapassa R$ 14 mil.
Já na administradora, os condôminos presenciaram na segunda-feira, 2/4, um jogo de empurra, uma vez que, segundo os moradores, o responsável do departamento financeiro nunca está no escritório. Na quarta-feira, 3/4, a Pré Domínio comunicou à síndica do prédio que não seria possível quitar a dívida com a Sabesp, e chegou a oferecer R$ 3 mil para ela, com a promessa de pagar o restante depois.
Os moradores contaram que, na manhã do mesmo dia, procuraram a sede da prefeitura para que um caminhão-pipa fosse enviado ao local para sanar necessidades básicas – como descarga dos apartamentos e banho para as crianças. No órgão público, foi dito que primeiro eles deveriam fazer uma carta, com a assinatura dos moradores, para que o pedido pudesse ser encaminhado para o jurídico analisar o caso. Já na Câmara Municipal, os vereadores disseram aos munícipes que não poderiam fazer nada. Assim como no Ganha Tempo, onde só são feitas ações para pequenas causas.
Rotina sem água
Enquanto isso, os moradores do prédio estão amenizando a situação como podem, indo na casa de parentes para tomar banho, utilizando banheiros públicos e fazendo as necessidades fisiológicas em sacos plásticos. “Estamos numa situação precária, temos que ficar pedindo para as pessoas deixarem a gente pegar um balde de água para tomar banho, para fazer comida e para lavar louça”, desabafou uma moradora.
Consultado pelo BnR sobre a questão envolvendo o calote da gerenciadora do condomínio à Sabesp e que tem gerado problemas aos moradores, o advogado Marcial Monteiro afirmou que a administradora pode ter cometido apropriação indébita, prevista no artigo 168 do Código Penal Brasileiro como crime por apoderar-se de bem alheio em empréstimo ou confiança. A orientação, em casos como este, é para que as pessoas lesadas procurem uma Delegacia de Polícia, para fazer um Boletim de Ocorrência, e um advogado, para abrir uma ação de reparação de danos – o que os moradores já estão providenciando.
O que dizem os citados
Em contato com a administradora, o Barueri na Rede foi informado que “infelizmente, no momento, a empresa não tem como resolver a situação, que foi adquirida devido a dificuldades financeiras”. Além disso, “a previsão de solucionar o problema e normalizar o fornecimento de água é para o mês de maio”. A empresa Pré Domínio Cobranças e Títulos ainda ressaltou que “está tentando reverter o caso, por meio jurídico, e está ciente sobre as eventuais penalidades”.
Em nota, a Sabesp afirmou que um representante do condomínio renegociou a dívida na quarta-feira, 3/4. “Para a religação da água, é necessário o pagamento da primeira parcela, dos três acordos firmados, e a apresentação dos comprovantes no atendimento da companhia”. Segundo a empresa de saneamento, o fornecimento de água foi suprimido quarta-feira passada, 27/3, devido às contas dos três últimos meses estarem pendentes.
Até o fechamento desta reportagem, a prefeitura de Barueri não se pronunciou sobre os procedimentos adotados para ceder o caminhão de água aos moradores no condomínio.