quinta-feira, outubro 3, 2024
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Bom conselho

por: Redação

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Valter Klenk mostra que um século após a Revolta da Vacina, ainda há quem se recuse a abrir a casa para ajudar no combate à dengue

Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.
Valter Klenk, é formado em Comunicação Social, trabalha como Analista de Sistemas, nascido em Barueri, participou ativamente da vida cultural da cidade, no teatro, na música, na produção de curtas-metragens e saraus. Acha que sabe de quase tudo um pouco e quase tudo mal.

“Ouça um bom conselho que eu lhe dou de graça, inútil dormir que a dor não passa…”

Chico Buarque de Holanda

Brasil, Rio de Janeiro, capital, 1904. A iminência de uma epidemia de varíola colocou em alerta o governo do então, presidente Rodrigues Alves, que encarregou o diretor-geral de Saúde Pública, o médico e sanitarista Oswaldo Cruz, de criar uma campanha para erradicar a doença.

Cruz convenceu o Congresso a aprovar uma lei de vacinação obrigatória. Para a campanha, foram convocadas forças policiais que invadiam as casas para garantir que as pessoas fossem vacinadas, gerando revolta na população.

Boatos e campanhas de jornais contrários ao governo criavam um ambiente de desinformação que culminou na chamada Revolta da Vacina. A cidade virou um campo de guerra, com depredações, quebra-quebras, incêndios e atos de vandalismo, deixando 30 mortos.

A campanha era positiva no seu objetivo principal, mas o modo como foi realizada, sem um trabalho eficaz de informação à população, foi um grande erro. Não bastasse essa falha, o oportunismo político de forças contrárias ao governo acabou por disseminar informações falsas no seio da população.

A revolta terminou com a decretação de estado de sítio e com a ajuda das Forças Armadas. A vacinação foi realizada e a varíola erradicada.

Visto de longe, com mais de um século de distância, o episódio parece grotesco. Uma doença mortal (matou quase 500 milhões de pessoas no século XX) rondando uma comunidade, oportunistas produzindo desinformação e uma população desavisada flertando com a morte.

Mas, transportemos o quadro passado para os dias atuais. O mosquito Aedes Aegypti, além de responsável pela dengue, transmite também os vírus chikungunya e zika. O zika tem relação com o aumento de casos de microcefalia no país, que tinha média de 150 casos por ano e, de outubro para cá, aumentou para 3.893 casos.

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, em seminário da Fundação Oswaldo Cruz – olha ele aí! -, sexta-feira (22/1), afirmou que o país está perdendo a guerra contra o mosquito e que poderemos ter uma geração de sequelados.

Na semana passada, a cidade de Barueri teve uma operação de combate ao mosquito Aedes aegypti nos bairros do Engenho Novo, Jardim Graziela, Califórnia e São Sivestre. Com mais de 700 pessoas nas visitas às residências, a operação tinha o objetivo de instruir a população e realizar a exterminação mecânica dos focos de larvas.

Ora, pareceria possível que parte da população se negasse a dar entrada aos agentes em suas residências? Pois sim. Aconteceram vários casos. Mais ainda, de residências onde não havia ninguém para receber os agentes.

Será que teremos que voltar um século no tempo e usar a força, para que pessoas irresponsáveis sejam obrigadas a participar de uma campanha que é benéfica para toda a comunidade? Lei para isso, existe!

A fronteira de uma residência pode barrar um agente, mas não barrará o mosquito! Ele nascerá no seu quintal e matará o seu vizinho! Então, meu ilustre leitor, ouça um bom conselho (que lhe dou de graça): Abra as portas da sua casa para os agentes e faça seu papel de cidadão.

Cidadania não é feita só de direitos, mas, também de deveres. Não seja cúmplice do mosquito!

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