Os políticos brasileiros costumam queixar-se de que o cidadão comum generaliza nas críticas e bate duro demais neles. Também reclamam que muitas vezes os ataques são injustos e que nem todos são iguais.
Os vereadores de Barueri, porém, não podem reclamar, especialmente depois que votaram um reajuste de 26% em seus salários a partir de 1º de janeiro. Não poderia haver momento mais inadequado para tal decisão.
A cidade vive uma crise jamais vista, há problemas de fornecimento e pagamento em todas as áreas, o funcionalismo queixa-se de não ter correção salarial há anos, servidores municipais têm sido demitidos às centenas. E no meio disso tudo, os nobres edis decidem contemplar a si próprios com um obeso reajuste que equivale a três anos de inflação.
Há quem diga que os vencimentos dos vereadores não fazem parte do orçamento da prefeitura. É verdade, mas o dinheiro é público e em horas como essa qualquer economia é bem-vinda. Além disso, a câmara sob a gestão de Carlinhos do Açougue vem se vangloriando de devolver dinheiro aos cofres municipais.
Para justificar o reajuste, aparece também o argumento de que é a lei que manda. Não é verdade. A lei determina que “o teto” do salário dos vereadores de cidades como Barueri é de R$ 12.661. Ou seja, não pode passar disso, mas pode ser menor. A decisão cabe à câmara.
Na verdade, os vereadores de Barueri estão na contramão da tendência. Já são dezenas os legislativos paulistas, para não contar os do país inteiro, que congelaram seus salários. Outros, reduziram e até mesmo os extinguiram.
Sim, é isso mesmo. Há municípios em que os vereadores deixaram de ter vencimentos, com a alegação de que estão fazendo um serviço público de forma voluntária. Não seria de esperar tal desprendimento dos legisladores baruerienses, mas ao menos um pingo de bom senso cairia bem nesse momento. Em especial às vésperas das eleições.
O que fizeram é legal, mas não é moral. Que não reclamem das reações.