Água de chuva que transborda de galeria entupida no Belval invade casas de novo. Moradores culpam obra de construção de UPA paralisada
O entupimento de uma galeria de águas pluviais alagou duas ruas do Jardim Belval na noite de domingo, 5/6. A inundação atingiu várias casas da rua Engenheiro Oscar Kesselring, a principal do bairro, e atingiu também a rua Portela. Segundo moradores, o problema apareceu depois que a prefeitura demoliu uma área de lazer que havia no encontro da Engenheiro Oscar com o acesso à Castelo Branco para construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), obra atualmente paralisada. Mas a situação teria se agravado a partir do fim do ano passado e tem se tornado mais frequente. “Agora, basta qualquer chuvinha, e pronto”, disse Débora Silva ao Barueri na Rede.
A galeria entupida recebe águas de chuva escoadas do outro lado da rodovia, na região dos Altos e Jardim Califórnia e de uma canaleta que desce da Castelo Branco. O entupimento se dá exatamente no ponto em que a tubulação atinge o canteiro da obra. Ali, a água transborda, invade a rua e o terreno baldio e espalha terra, e lama por toda a parte. Segundo a vizinhança, foi a lama da obra que entupiu a galeria.
Quando a chuva é mais forte, o nível da água atinge as casas do outro lado da Engenheiro Oscar, invadindo as residências. Os moradores chegaram a construir pequenas barragens nas garagens e quintais para tentar evitar o problema. Também formam grandes volumes de terra trazida pela enxurrada por toda a extensão do quarteirão. “Nunca houve esse problema até demolirem a área de lazer”, explica Débora, que teve a casa alagada na noite de domingo.
A UPA é uma cooperação entre o município e o governo federal. A prefeitura entraria com o terreno e o Ministério da Saúde com o dinheiro para a obra, avaliada em R$ 13,7 milhões. A construção deveria começar em 18 de maio de 2015 e a inauguração estava prevista para 7 de novembro deste ano.
A Secretaria de Comunicação Social (Secom) do município afirma que a obra não está abandonada, mas em fase de fundações, aguardando passar esse período chuvoso para que o trabalho seja reiniciado. Além disso, a prefeitura alega ter enfrentado dois problemas burocráticos que atrasaram a construção.
Um deles, foi a necessidade de modificação do projeto inicial. Segundo nota da Secom, era preciso fazer um desvio não previsto nas tubulações de águas pluviais. Por causa dessa mudança, o projeto teve que ser reenviado ao governo federal para aprovação. Com isso, a liberação dos recursos teria sido interrompida. A nota não explica se esse desvio tem relação com o entupimento da galeria. A outra dificuldade, de ordem jurídica, foi o processo de retirada de um morador da área de lazer. Diz a Secom que a prefeitura precisou recorrer à Justiça para resolver a questão.
Enquanto isso, os moradores padecem. Durante toda a manhã de segunda-feira (6/6), máquinas e caminhões da prefeitura trabalharam na retirada da lama e limpeza das ruas atingidas. Mas à tarde a tubulação ainda jogava na rua e no terreno vazio grande quantidade de água, que já alcançava as calçadas do outro lado da via (veja vídeo feito Às 17 horas de segunda-feira, 56/5:).
Eles também se queixam de que, além de terem perdido a área de lazer, o local transformou-se em criadouro de mosquitos da dengue e ponto de encontro de traficantes e usuários de droga.
Abaixo, vídeo feito pelo BnR, às 17 horas do dia 6/6: mesmo sem chuva, a água invade a rua.