Conjunto de represas que atende parte de Barueri enfrenta crise há dois anos, mas foi beneficiado por chuvas do inverno e da primavera
O nível de água do Sistema Cantareira atingiu 28,3% neste domingo (27/12). Com isso, o reservatório precisa de apenas mais um ponto percentual para sair do volume morto, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No acumulado de dezembro, as represas receberam 229,0 mm, ou 99,7% do esperado.
O sistema abastece 5,3 milhões de pessoas na Grande São Paulo, entre elas, parte da população de Barueri, e passa por uma crise hídrica há quase dois anos. Nesse período, houve grande risco de faltar água e a Sabesp chegou a promover racionamentos sem admitir que estava cortando a água das casas. Em situações normais, Barueri é atendida em parte pelo Sistema Cantareira e em parte pelo Baixo Cotia.
Volume morto?
Volume morto é o nome popular para a reserva técnica de um reservatório, como se fosse a reserva de um tanque de gasolina. O índice de 28,3% do Cantareira atingido neste domingo significa que o “tanque” da Cantareira está vazío, mas a reserva está quase cheia. Com esse volume de água, é possível atravessar mais um ano, como ocorreu de 2014 para 2015, desde que sejam tomadas medidas de controle e economia de água pela Sabesp, pelas empresas e pela população. Entre essas medidas, não está descartado o racionamento.
O Sistema Cantareira teve um grande alívio este ano. Ele recebeu o dobro de chuva nesta primaveira em relação ao mesmo período em 2014, segundo levantamento feito pelo site noticioso G1 feito com base nos dados divulgados diariamente pela Sabesp.
Foi a primavera com maior volume de água acumulado desde 2009. O manancial recebeu 527,2 milímetros de chuva entre setembro e dezembo. No ano passado, choveram 236,1 mm. A melhor marca recente é a de 2009: 755,9 mm. As chuvas na primavera seguiram o ritmo do inverno, também o mais chuvoso desde 2009.
Represa cheia
A última vez que o Sistema Cantareira atingiu ocupação máxima foi em 2010, graças às constantes e fortes chuvas ocorridas desde o meio do ano anterior. Naquela época, o conjunto de represas era responsável pelo atendimento a 8,1 milhões de pessoas. Desde então, obras em outras áreas permitiram desafogar o sistema, que hoje abastece 5,3 milhões de moradores da capital e da Grande São Paulo.
Em 2010, o nível de ocupação do Cantareira atingiu 99,5%, suficientes para atender aqueles 8 milhões de consumidores por dois anos sem chuvas. A última vez que as represas estiveram 100% cheias foi em 1999. Na época, o volume de água era capaz de manter três anos de fornecimento ininterruptos, mesmo com estiagem prolongada.
No entanto, em janeiro deste ano, em plena estação das chuvas, o sistema operou no nível mais baixo dos últimos dez anos, o pior de que se tem notícia, com apenas 5,5% do volume morto.