Celso afirma que declarações polêmicas foram tiradas de contexto. Reações negativas chegaram à Assembleia Legislativa e exigem retratação por falas
O secretário de Educação Celso Furlan divulgou nota na quinta-feira, 15/5, rebatendo as críticas que vem recebendo sobre falas negativas a crianças com deficiência proferidas numa reunião com diretores da rede municipal de ensino, realizada na terça-feira, 13/5, na sede da Secretaria.
Celso disse que suas palavras foram tiradas de contexto e afirma que “o assunto foi tema de uma reunião de trabalho, onde se discutia a criação de ambientes escolares com mais oportunidades de aprendizado e infraestrutura aos alunos com deficiência”.
O secretário diz ainda em sua explicação que seu objetivo não foi desrespeitar ou causar qualquer tipo de constrangimento. Celso se diz “aberto ao diálogo e disposto a aprimorar a comunicação para que ela esteja alinhada aos princípios de respeito e inclusão que defendo”.
As declarações do secretário causaram revolta entre familiares de crianças com deficiência e militantes da causa do autismo e da inclusão. Dois dos pontos que provocaram mais indignação foram a fala em que Celso diz que os alunos não aprendem nada na escola e que as mães querem vaga para poder se livrar dos filhos em parte do dia.
A deputada estadual Andrea Werner, ativista pelos direitos dos autistas, gravou vídeo em que pergunta se Celso já ouviu falar de Stephen Hawking, físico britânico que revolucionou a ciência aeroespacial e viveu 55 anos imobilizado numa cadeira de rodas. Andrea rebate cada frase do secretário e afirma, “todo mundo pode aprender, qualquer criança, adolescente ou adulto com deficiência pode aprender alguma coisa, o limite a gente não sabe”.
Para a codeputada Rose Soares, que fez parte do Conselho Tutelar do Barueri, as palavras do secretário violam direitos humanos, direitos da criança e adolescente e direitos da pessoa com deficiência. “Entendo que alguém com essa fala infeliz e criminosa não deve estar à frente de uma pasta tão importante para nossa cidade. Fora Celso Furlan!”
As falas também causaram desconforto em parte dos vereadores, que disseram esperar uma posição do prefeito Roberto Piteri. Allan Miranda, militante da causa do autismo e presidente da Comissão de Educação da Câmara, protocolou pedido de moção de repúdio contra o pronmunciamento do secretário por falas discriminatórias.
Allan também espera que Celso se retrate “devido a suas palavras discriminatórias e desrespeitosas com todos aqueles que tenham alguma deficiência e que se sentirem ofendidos com tamanho descalabro em nossa cidade”.
Desde quinta-feira, circulam nas redes sociais dois abaixo-assinados pedindo a exoneração do secretário. Um deles tinha mais de 1,5 mil assinaturas no início da tarde de sexta-feira.
O caso também chegou à Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do estado.