Obra abandonada do Corredor Itapevi-São Paulo trava o trânsito no centro, expõe pedestres e causa riscos. Mas para a EMTU está tudo bem
O canteiro abandonado do Corredor Oeste em pleno centro da cidade é um incômodo. Prejudica pedestres e motoristas, afunila o trânsito, obriga passageiros a dar uma volta e enfrentar uma ladeira de calçada irregular para ir do pontilhão ao ponto de ônibus, no sentido de São Paulo. E o pior, deve ficar assim até o fim do ano, se tudo der certo, afirma a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU), responsável pela obra.
O corredor é um projeto da EMTU que pretende instalar uma via expressa para ônibus de Itapevi até São Paulo. Ele terá uma extensão de 24 quilômetros e sua construção começou em 2011. Desde então, houve vários percalços que obrigaram a sucessivos adiamentos da data de inauguração.
O caso mais grave envolve o trecho de Itapevi a Jandira, que tem 5 quilômetros de extensão. Duas empreiteiras contratadas para a obra faliram e uma terceira vai recomeçar a construção em fevereiro. No local, uma faixa junto à futura pista do corredor foi ocupada por cerca de 200 famílias.
O presidente da EMTU, Joaquim Lopes, espera que as obras sejam retomadas em fevereiro ou março, mas isso depende da remoção das famílias. “Já foi feito o pedido de reintegração de posse e assim que estiver concluído retomamos o trabalho”, disse no início do mês. Mas esse é um processo complexo e o prazo para terminar é imprevisível. Se tudo correr como a empresa deseja, o trecho estará pronto em agosto de 2017.
Na área que corta Barueri – da divisa com Jandira, no Jardim Silveira, até o limite com Carapicuíba, nas proximidades da Aldeia -, as obras de alargamento da via e instalação de piso adequado estão prontas, após períodos de interrupção. Os pontos de ônibus começaram a ser construídos, mas ficaram nas estruturas. Ao Barueri na Rede, a EMTU disse, em nota: “As obras no trecho Jandira–Carapicuíba, do Corredor Metropolitano Itapevi-São Paulo, estão com 47% dos trabalhos executados. As estruturas de 12 paradas foram instaladas e o acabamento é feito somente na fase final da construção para evitar vandalismos e danos”.
O canteiro que foi instalado há mais de um ano entre a estação da EMTU e o cemitério, no centro da cidade, deveria abrigar a obra da Estação de Transferência de Barueri. O local, no entanto, está abandonado. Segundo a EMTU, “houve interferências não previstas no projeto que serão regularizadas neste mês de fevereiro, o que permitirá dar andamento às obras que estão previstas para recomeçar o mais rápido possível”.
A expectativa é de que a obra esteja concluída até outubro. Em sua explicação, a empresa diz ainda que “é importante salientar que o local, no momento, está devidamente sinalizado e protegido”. A sinalização, no entanto, é inadequada e insuficiente e a proteção a que a empresa se refere é ao canteiro da obra, já que os pedestres estão expostos ao trânsito intenso do local.
A área central não tem calçadas e há apenas cavaletes de orientação ao trânsito atrás dos quais os pedestres podem tentar se proteger. Como a obra abandonada fica entre o pontilhão da linha férrea e a parada de ônibus sentido São Paulo, onde embarcam e desembarcam diariamente milhares de pessoas, os usuários são obrigados a subir umA rampa íngreme com calçada irregular, atravessar a primeira parte da avenida e esperar no asfalto para concluir a travessia.
"Não é fácil, primeiro pela ladeira, que é forte, e depois para atravessar a outra metade, porque os motoristas não respeitam”, explica Marcelo Penedo, cadeirante, que faz o trajeto todo dia para tomar o ônibus para Osasco.
“No ponto antigo era muito melhor, era só atravessar a pista. Agora tem essa volta toda e essa subida, que não é fácil”, explica Maria de Lourdes Ferreira, de 71 anos. “Nos dias que chove, então, fica pior ainda.”
Para os veículos não é melhor. Em ambos os sentidos a pista de três faixas é reduzida drasticamente para passagem de apenas um por vez. Ao contrário do que afirma a EMTU, a sinalização é deficiente e visível apenas quando os carros estão muito próximos do estrangulamento, o que provoca seguidos incidentes. O piso também está em estado precário, especialmente no sentido São Paulo, em frente à Vila Militar.
Se todos os prazos forem cumpridos, o que não tem sido frequente no caso do corredor, o trecho Jandira-Carapicuíba será entregue em outubro e entrará em operação em seguida. Até lá, motoristas e pedestres terão que conviver com o incômodo no centro da cidade.