terça-feira, janeiro 14, 2025
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O orgulho da rapaziada da Rua Petrolina no Mutinga

por: Redação

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Fundado por um grupo de rapazes do Jardim Mutinga, o Unidos da Petrolina cresceu, foi campeão, caiu, voltou e está novamente na final

Rua Petrolina, no Jardim Mutinga, local da fundação e inspiração do Unidos da Petrolina. Foto: Google Street View

A identificação com a comunidade em que está inserido talvez seja a característica principal do Unidos da Petrolina. Desde seu nome, inspirado na rua Petrolina, onde fica sua sede, no Bar do Neguinho, até o fato de que apenas dois jogadores do atual elenco, Caio e Alê, não morarem nos arredores da rua ou do Jardim Mutinga. Essa identidade é motivo de orgulho para seus fundadores e a atual direção da equipe.

E a história da fundação é semelhante a de tantos outros times de futebol amador espalhadas pelo Brasil. Em 2001, um grupo de jovens da rua Petrolina resolveu que não bastava jogarem em equipes sediadas em outros pontos do bairro. Queriam um time que representasse o seu pedaço. Assim nasceu o rubro-negro, que aliás tem essas cores escolhidas mais por necessidade que por escolha, já que aproveitaram um fardamento que pertencia a Magrão, um dos criadores e torcedor fanático do Flamengo. O simbolo foi criado por Camelo e Ni, e o nome era escolha óbvia.

O início

Quadro na sede homenageia o time de 2008 que conseguiu o acesso

O primeiro objetivo era passar pelo famoso Rebolo do Campeonato Amador de Barueri e alcançar o acesso à segunda divisão, o que aconteceu em 2004, depois de tentativas infrutíferas nos anos anteriores. 

Na segundona, o Petrolina jogou quatro temporadas, até que em 2008 foi vice-campeão. Foi derrotado pelo Firma na final, mas se qualificou para a divisão principal do campeonato de Barueri. A curiosidade da conquista é que dois jogadores desse time, o zagueiro Zinho e o lateral Buiú, hoje comandam as equipes rivais do Mutinga, o Ceará e o próprio Petrolina, respectivamente.

Começaria então uma saga que inclui evolução meteórica, campanhas medíocres, títulos, derrotas e rebaixamento por motivos disciplinares.

Anos de glória

O capitão Claytão ergue a taça de campeão de 2010

Estreante em 2009, já em 2010 o Petrolina chega ao seu grande título, o de campeão da Primeira Divisão, ao vencer o América do Maria Helena por 2 a 1, considerado por seus torcedores a maior glória desses 15 anos de existência. Em 2011, realizou um campeonato para ser esquecido, em que beirou o rebaixamento, mas foi novamente finalista em 2012, quando sofreu a derrota mais sentida de sua história, 5 a 0 para o Vila do Sapo.

No ano seguinte, quando estava prestes a desclassificar o mesmo Vila do Sapo na semifinal, em jogo que vencia por 1 a 0, o rubro-negro tomou o gol de empate e a reclamação do zagueiro Eduardo Olho de Vidro foi relatada pelo árbitro como agressão ao bandeirinha e o time foi punido com o rebaixamento para o rebolo. O detalhe é que o empate ainda classificaria o Petrolina para a final.

O duro retorno

A saída para evitar o rebolo foi um acordo com Flamengo, cujo diretor Júlio é antigo membro do Petrolina e que no passado havia refundado o São Vicente. Como Flamengo/Petrolina disputou a segunda divisão em 2014 e 2015, ano em que foi derrotado pelo Comunidade Vale do Sol na semifinal, frustrando a volta para a primeira divisão.

Buiú já estava preparando o time para a disputa da segundona novamente, quando foi procurado pela direção do Leões do Morro do Parque Imperial para uma troca de vagas em que o Leões disputaria o acesso com a vaga do Flamengo e o Petrolina voltaria a primeira divisão em 2016. Montou um time baseado num sólido sistema defensivo, que mantém três campeões de 2010, Cabelo, Claytão e Rogério, com Léo no gol, arqueiro seguro, e dois excelentes meias de criação, o cerebral Geninho e o rápido Danilo, este também remanescente da maior conquista, assim como o técnico Buiú.

O final já sabemos. Depois de uma campanha em que começou desacreditado e liderou boa parte da classificação, o Petrolina eliminou o rival Ceará na semifinal e joga no próximo domingo, 9/10, na Arena Barueri, contra o Ganga, pelo título máximo do futebol de Barueri.

Saiba que é o adversário do Petrolina na grande final: Futebol e Samba: como o Paraíso dominou Barueri

Os rivais

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Jogadores, diretores e torcedores receberam o BnR no Mutinga

Se alguém perguntar aos fundadores, dirigentes, jogadores e torcedores do Petrolina qual o seu maior rival e esperar que o Ceará seja a resposta, esqueça. Nove entre dez petrolinos vão responder que o São Vicente é o grande oponente, apesar de nunca terem jogado a mesma divisão do campeonato municipal. Segundo Buiú, nos jogos entre ambos sempre tem 25 jogadores do São Vicente querendo enfrentá-los, e chega ao extremo de os rivais irem uniformizados em jogos do Petrolina contra outros times apenas para secar.

Já o Ceará é visto mais como um co-irmão, já que muitos jogadores vestiram as duas camisas. Um dos fundadores, Tio Back, é da corrente contrária e aponta o alvinegro do Mutinga como o grande rival do Petrolina. Mas isso não impediu um semana de gozações após a vitória na semifinal do atual campeonato, com direito a parada em frente à sede do Ceará na volta para casa depois do jogo.

Melhor história

Festa para Roger na vitória conta o rival São Vicente

O Barueri na Rede conversou, lá na sede, com muitos componentes do Unidos da Petrolina e ouviu muitas histórias contadas por Cabeça, Buiú, Clebinho, Danilo, Júlio, entre outros. Mas a melhor de todas é sem dúvida a de Roger, 25 anos, que tem síndrome de Down, um cunhado quase filho de Clebinho, torcedor fanático e presença constante nos jogos do time. Jogavam um festival contra o arquirrival São Vicente e a partida estava empatada em 1 a 1 quando colocaram Roger para jogar os minutos finais. Os adversários deixaram o garoto livre, não acreditando que ele pudesse fazer algo. Erraram. Livre, Roger acertou uma paulada e marcou o gol da vitória. A homenagem virou motivo de orgulho para o Petrolina. E muita zoeira em cima do São Vicente.

 

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