sábado, dezembro 14, 2024
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Manifeste sua ação

por: Redação

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Jay não concorda com vários pontos dos protestos da oposição e da situação, mas defende ambos. Os descontentes devem ir para a rua, diz

Formado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, baterista da banda Vozes Incômodas, autor dos livros "Poesia das Ruas" e "Anarquismo: Uma questão de ordem, respeito e solidariedade", escrivinhador no site Interferência Urbana, ataca de poeteiro e contador de causos no site "Recanto das Letras", reside em algum lugar além do arco-íris, não está na moda, não bebe, não fuma, não cheira, não dança, não joga e não namora em pé.
Formado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda, Jay Rocker é baterista da banda Vozes Incômodas, autor dos livros Poesia das Ruas e Anarquismo: Uma questão de ordem, respeito e solidariedade. Como ele mesmo se intitula, é ‘escrivinhador’ no site Interferência Urbana, ataca de ‘poeteiro’ e contador de causos no site Recanto das Letras, reside em algum lugar além do arco-íris, não está na moda, não bebe, não fuma, não cheira, não dança, não joga e não namora em pé.

Fui criado nas ruas, conheci movimentos sociais ainda adolescente, motivado por canções de cunho revolucionário que ouvia com o punk rock. Daí para as manifestações, foi um puloForam centenas, pelos mais variados temas. Manifestações contra rodeios, homofobia, pelos direitos dos trabalhadores, dos negros, das mulheres, pelo fim do voto obrigatório, contra a vivissecção, por melhorias salariais, pelos professores, enfim, desde 1990 eu ando no meio de toda essa gente “marginalizada” que o mundo tenta esconder.

Nunca me filiei a um partido político, não me identifico com a esquerda e nem com a direita, porém sinto que os dois são tão próximos que chega enojar. Mas respeito quem acredita nessas filosofias partidárias. Winston não me permite acreditar em um Grande Irmão.

Já levei borrachada na rua, já corri de peões, já bati e apanhei, tudo por causas em que eu acreditava (e acredito em uma boa parte ainda). Acho que a última vez que fiz parte de uma manifestação foi em 2013, mas quando os partidos começaram a tomar conta, vi que tinha muito Napoleão e pouco Bola de Neve e era hora de eu bater em retirada.

Nos últimos anos venho participando de algumas ações sociais mais diretas, as vezes sozinho e outras com amigos, pois nenhuma “grande manifestação” me empolgou tanto.

Só por esse pequeno histórico eu seria um total babaca em condenar as manifestações que estão acontecendo pelo país. Acredito que todos tem o direito de se manifestar, mesmo eu não acreditando em sua causa, mas quem sou eu para dizer que ele não deve fazer?

Se algo incomoda, nada mais justo que você reclamar. Não importa se vão concordar ou não, e já dizia Voltaire: “Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo”, isso é democracia. Não concordo com vários pontos da manifestação, tanto a da “oposição” quanto a da “situação”, mas acho que eles devem fazer, sim, se mostrar para serem ouvidos.

O que eu não gosto e não apoio é a participação por euforia, onde pessoas não fazem ideia de que estão fazendo lá, mas estão inflados pelo ódio seletivo e por isso não pensam, apenas odeiam com seu fanatismo qualquer coisa que seja contra aquilo que eles querem no momento.

“Baratas são baratas, você não precisa saber o porquê tem nojo, apenas ter. Petistas são como baratas” disse um. Essa frase já foi dita usando judeus ao invés de petistas e foi proferida no filme “Bastardos Inglórios”. Uma mãe acha bonito o desenho do filho escrevendo “morra fulano”, outras senhoras levam cartaz apoiando o feminicídio (e eu me forço pensar que ela não sabe o que é isso), outras dizendo que deveriam matar, tem aquele senhor que acha quem não votou em seu partido é intelectualmente inferior, outros pedindo a intervenção militar (e chegando ao cúmulo de juntar no cartaz a intervenção e o povo nas ruas) e pasmem, um tal de “mito” com uma bandeira Imperial do Brasil, que mostrou que muita gente quer uma involução, mas se eu achava que era para os anos 60, vi que era para muito mais longe, Saudemos o Rei Mito!

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Esse é o grande problema das manifestações orquestradas. Por mais que existam pessoas que queiram mudanças, a grande massa de manobra vai fazer o jogo do interesse alheio (me lembro da mensagem de WhatsApp dizendo que seríamos invadidos por comunistas se a Dilma ganhasse e meio mundo acreditou) e abrir caminho para o pior.

Sim, vi pessoas dizendo que não queriam intervenção militar e nem o impeachment, queriam uma reforma política, e na minha humilde opinião, é disso que precisamos. De uma reforma política, do fim do voto obrigatório, fim do voto de legenda, do quociente eleitoral, de maior participação feminina, maior fiscalização dos benefícios sociais e punição para todos os culpados, independente de partido. Sim, foi lindo ver uma senhora que aparentava ter mais de 60 anos pedir essas coisas. Sim, eu concordo com ela. Ela não foi pedir absurdos.

Existirão mais manifestações e espero que um dia elas não sejam em vão. Não sejam um novo “rolezinho” ou um “flash mob” disfarçado de ato político, que sejam de pessoas realmente interessadas num mundo melhor e que saibam de que lado estão, com quem andam e o que estão pedindo.

Enquanto isso, meu velho coração revolucionário espera ver cada vez mais o povo nas ruas, pois o povo unido é ameaça real.

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