Famílias de crianças envolvidas recebiam até R$ 3 mil por mês para permitir que os filhos morassem com o influenciador e aparecessem em seus vídeos
O Tribunal de Justiça de São Paulo decidiu manter a prisão preventiva do influenciador digital Hytalo Santos e de seu companheiro, Israel Natã Vicente, no sábado, 16/8. Ambos estão sendo investigados por suspeita de exploração sexual de crianças e adolescentes, utilização indevida de menores em produções audiovisuais e tráfico de pessoas.
A decisão foi tomada após audiência de custódia realizada virtualmente durante a manhã. Segundo o Tribunal de Justiça, o objetivo da sessão era avaliar a legalidade da prisão. Como não foram identificadas falhas no procedimento, o casal segue detido de forma preventiva.
Em nota, os advogados de defesa disseram que o resultado já era esperado, pois a audiência teve caráter meramente formal para confirmar a regularidade do processo de prisão.As investigações, conduzidas pelo Ministério Público da Paraíba, começaram no ano passado, após indícios de que crianças estariam sendo exploradas para fins de conteúdo nas redes sociais do influenciador.
Segundo o inquérito, os pais de alguns dos menores permitiam que seus filhos morassem com Hytalo, recebendo, em troca, quantias mensais que variavam entre R$ 2 mil e R$ 3 mil. A maioria dessas famílias vive em Cajazeiras, no sertão paraibano, onde o influenciador nasceu. Apesar disso, conselheiros tutelares afirmam que nunca receberam denúncias oficiais sobre essas práticas.
Em depoimento, uma das mães afirmou não saber se a filha recebia a mesada e declarou que não considerava que a adolescente estivesse trabalhando para Hytalo.
O caso ganhou repercussão nacional após o youtuber Felca publicar um vídeo abordando a adultização de crianças nas redes sociais, usando como exemplo o conteúdo postado por Hytalo Santos. O material viralizou, acumulando mais de 43 milhões de visualizações e impulsionando o debate sobre a exploração digital de menores.
As apurações apontam que Hytalo lucrava com a exposição de crianças em vídeos e postagens que, além de polêmicas, também serviam como estratégia para promover rifas e sorteios online.
O casal segue sob custódia na delegacia de Carapicuíba, enquanto aguarda uma decisão da Secretaria de Administração Penitenciária, que pode optar por transferi-los para um centro de detenção provisória em São Paulo ou remetê-los de volta à Paraíba, onde o processo também tramita.
Por ordem judicial, ambos estão proibidos de manter contato com os menores mencionados nas investigações e de gerar receita com conteúdo digital. As redes sociais de Hytalo, que somavam mais de 25 milhões de seguidores, foram bloqueadas pela Justiça.
A defesa de Hytalo e Israel reitera a inocência dos dois e informa que já protocolou um pedido de habeas corpus junto ao Tribunal de Justiça da Paraíba, com o objetivo de revogar a prisão preventiva.