Grupo clandestino de investigação criado no governo Bolsonaro confundiu nome do funcionário com o do ministro do STF
O gerente de loja Alexandre de Moraes Soares foi investigado pelo grupo apelidado de Abin paralela, durante o governo de Jair Bolsonaro, que o confundiu com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
A Abin, Agência Brasileira de Inteligência, é um órgão do governo federal cuja missão é fornecer ao presidente da República informações de assuntos de interesse nacional. Ela agrega diversos órgãos, como Gabinete de Segurança Institucional (GSI), os departamentos de inteligência da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), departamentos do Ministério da Defesa e os centros de inteligência da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.
Durante o governo Bolsonaro, foi criado um grupo, liderado por Carlos, filho do presidente, para investigar irregularmente opositores do governo, que recebeu o apelido de Abin paralela.
Investigações da Polícia Federal concluíram que o mecanismo monitorou figuras como o ministro do Supremo Luiz Roberto Barroso; o ex-governador de São Paulo, João Dória; os parlamentares Jean Willys, Gustavo Gayer, Renan Calheiros e Kim Kataguiri; o jornalista Reinaldo Azevedo; e o humorista Gregório Duvivier, entre outros.
Foi durante esse trabalho que os investigadores da Abin paralela monitoraram as atividades do homônimo do ministro Alexandre de Moraes, que trabalha como gerente de uma loja de varejo em Barueri, e que não tem nenhuma relação com a política nacional.
O relatório final da PF sobre a atuação clandestina da Abin paralela caracterizou o grupo, comandado por Jair Bolsonaro e seu filho, Carlos, como uma organização criminosa que funcionava dentro do governo anterior.