Número de agressões dentro do lar e assassinatos aumenta mesmo com legislação mais dura

A Guarda Municipal de Barueri (GCM) inaugurou na manhã desta quarta-feira, 28/3, o Espaço Guardiã Maria da Penha, para atendimento de mulheres vítimas de violência doméstica. O local servia como base da Guarda, na Aldeia, e agora funcionará exclusivamente para este fim.
A criação do espaço foi motivada pelo alto número de agressões que as mulheres de Barueri sofrem de seus companheiros e parentes. Segundo dados da GCM, desde que a corporação passou a ter equipes voltadas exclusivamente para o atendimento à mulher, há um ano e meio, já foram registrados mais de 3 mil casos, uma média superior a cinco por dia.
Além do novo local, a GCM passará a contar agora com quatro duplas de agentes treinados para esse tipo de ocorrência. Também terá duas viaturas a mais e um carro, descaracterizado, para transportar as vítimas quando necessário. “Este espaço existe para apoiar a mulher e sua atuação será de 24 horas por dia”, disse a secretária municipal de Segurança, Regina Silva, durante o evento de inauguração.
Acolhimento e proteção
Atualmente, a atuação da GCM se dá em duas situações. De início, é feito o primeiro acolhimento, ao receber a denúncia. “A partir daí, a Guarda atende a vítima e aciona a rede composta pela Delegacia da Mulher, Secretaria da Mulher, e Ministério Público”, explica a subinspetora Magali Figueiredo, coordenadora do Espaço Guardiã. “Depois de feito o Boletim de Ocorrência, a vítima terá a disposição acompanhamento psicológico e jurídico e segurança”, explica.
Magali conta que a mulher fica muito fragilizada nesse momento. “Ela se vê só, com os filhos, muitas vezes nem tem para onde ir, não consegue retomar o trabalho”, explica. “Por isso, muitas não denunciam a agressão, porque não tem condições de tocar a vida sem aquele companheiro.”

Na outra frente, a GCM acompanha e dá proteção às vítimas que a Justiça considera sob grande risco. Esse trabalho consiste em visitas, entrevistas e avaliações, que são repassados ao MP e ao Judiciário. “A decisão é sempre do juiz e cabe a nós fazer cumprir”, conta Magali. Os guardas analisam a segurança da vítima e se as determinações da Justiça estão sendo obedecidas pelos agressores. As guardiãs fazem em média 12 visitas por dia. Hoje, 39 mulheres são acompanhadas pela Guarda nessa condição.
Nove agressões por minuto
A violência física contra a mulher é um dos crimes mais difíceis de ser combatido. Uma das razões é a dependência econômica, que impede que muitas mulheres, em geral com filhos, deixem o lar onde são agredidas. Questões culturais também contribuem para o cenário. Dados do Instituto Maria da Penha mostram que a cada 7.2 segundos uma mulher é vítima de violência física em casa. Em média, há 13 feminicídios por dia no Brasil. O mais grave é que esse número vem aumentando.
Além disso, a violência contra a mulher é amplamente conhecida pela sociedade. A pesquisa Percepção da sociedade sobre violência e assassinatos de mulheres concluiu que 54% das pessoas de todas as classes sociais conhecem uma mulher que já foi agredida pelo parceiro. Pelo mesmo levantamento, 85% dos brasileiros acreditam que mulheres que denunciam seus companheiros correm risco de ser assassinada. E metade da população considera que a forma como a Justiça pune os agressores não reduz a violência contra a mulher.
O Espaço Guardiã Maria da Penha fica na rua Sergipe, número 89, na Aldeia de Barueri (no mesmo prédio onde funcionava a base da GCM). O atendimento é de segunda a sexta-feira. Vítimas, ou denunciantes, podem dirigir-se ao local ou ligar para o número 4194-7562.