Eles afirmam que serviço não é essencial e que por isso deveriam respeitar quarentena. Prefeitura diz que serviços de saúde não podem ser interrompidos
Por meio das redes sociais, profissionais do Controle de Zoonoses de Barueri relataram os riscos de contrair o coronavírus (Covid-19) ao não interromperam as atividades. Segundo eles, o serviço de Zoonoses não é essencial e por isso também deveriam estar em isolamento.
“Essa semana tivemos um problema. Os [funcionários] de 60 anos ou mais foram liberados e os outros não. Meu caso, tenho hipertensão e 49 anos. Fomos comunicados pela chefia que é para vir trabalhar. Nosso serviço não é essencial”, conta um dos funcionários. “Não fazemos parte do grupo essencial, que é enfermagem e médicos”, alega.
Os funcionários teriam se negado a sair com a van que realiza visitas em casas para o combate à dengue. “Nos negamos a sair. Agora uma colega nossa foi para UBS passando mal e foi constatado que ela está com sintomas [do Covid-19]. Outra [colega de trabalho] foi para UBS e já está sendo transferida para o Moran [HMB]”, lamentou.
Ao Barueri na Rede, outro funcionário do Controle de Zoonoses afirmou que o serviço é sim essencial, mas que o momento é de cautela. “É um serviço essencial, mas neste momento não. Com o decreto do Furlan e campanhas que vêm sendo feitas para ninguém sair de casa [devido ao Covid-19], ninguém está nos atendendo”, aponta o trabalhador, que explica ainda que a van que realiza as visitas para combate à dengue carrega 16 pessoas, indo contra, segundo ela, com as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).
“Se a gente entrar na casa de um morador, a gente pode levar contaminação pra ele. Porque entramos com sapato e tudo, mesmo que a gente não pegue na mão do morador”, explica. “Fora que também podemos ser contaminados e trazer para dentro da base, que há funcionários de outras áreas, como administrativa, pessoal da limpeza, etc”, conclui.
Após muitas reclamações em relação a possível exposição ao Covid-19, os profissionais de Controle de Zoonoses conseguiram que colegas com mais de 60 anos fossem afastados e que houvesse revezamento semanal entre os demais. Além disso, cobraram que as vans fossem ainda mais higienizadas.
O que diz a prefeitura
O Barueri na Rede procurou a prefeitura de Barueri sobre as queixas dos funcionários. Em nota, por meio da Secretaria de Comunicação (Secom), a prefeitura informou que Controle de Zoonoses é um serviço ligado à Coordenadoria de Vigilância em Saúde que, por sua vez, responde à Secretaria de Saúde. Portanto, é ‘um serviço essencial’.
A nota ressalta que os decretos municipal e estadual em relação ao combate à pandemia do Covid-19, determinam que todos os serviços de saúde e segurança não podem ser interrompidos. Além disso, destaca que é competência de Zoonoses o combate a endemias, que não tiveram fim com o advento do coronavírus. ‘A dengue, por exemplo, continua sendo um problema de saúde pública, assim como outras arboviroses’, reforça a nota.
A prefeitura também reafirma que há um revezamento ‘para expor o menos possível esses profissionais’ e que disponibiliza todos os insumos de segurança, além da higienização completa das viaturas.
Por fim, esclarece sobre os dois funcionários afastados. A nota explica que um deles, por apresentar sintomas gripais, ‘está afastado e em isolamento domiciliar’. O segundo, também com sintomas gripais leves, foi encaminhado para consulta médica na terça-feira, 24/3 e aguarda resultado clínico. ‘Nenhum dos dois apresenta complicações típicas de Covid-19’, completa.
Mortes e aumento no número de casos
Na tarde de terça-feira, 24/3, o prefeito Rubens Furlan divulgou os dados do número de casos de coronavírus na cidade que mais que triplicou. De segunda para terça, o número de pessoas internadas no HMB em investigação foi de sete para 23. O número de pacientes entubados em UTI cresceu de quatro para nove, mais que o dobro, e os não entubados tiveram aumento de três para 14 (leia mais).
A prefeitura informou ainda o registro da quarta morte pela doença na cidade. Não foram dadas informações sobre a vítima. Os quatro casos foram identificados como Covid-19 a partir de análise de sintomas e exames clínicos. Em nenhum dos casos ainda foi divulgado o resultados dos exames laboratoriais realizados pelo Instituo Adolfo Lutz, em São Paulo.