Ao menos três vítimas de acidente de moto precisaram ser transferidas e paciente com suspeita de fratura na coluna foi obrigada a usar cadeira de rodas
“Não estamos pedindo reajuste salarial ou qualquer benefício. Queremos apenas condições de atender à população, que já é carente, com o mínimo de dignidade”.
Essa foi uma das frases ditas ao Barueri na Rede por um funcionário do Pronto-Socorro Central (Sameb), diante do que considerou um absurdo. Ele se referia a uma das diversas situações presenciadas pela equipe do maior pronto atendimento de Barueri.
Na manhã de terça-feira, 8/1, uma senhora em idade avançada, ao ser submetida a um exame de raios X por dores na coluna, foi diagnosticada com suspeita de fratura na coluna. Uma maca foi solicitada para que ela fosse transportada, mas os profissionais que a atendiam foram informados de que não havia nenhuma disponível. Mesmo diante da insistência do médico para que fosse providenciada a maca, ela precisou ser transportada de cadeira de rodas – a despeito do risco de a lesão se agravar.
Um dos funcionários que presenciaram a situação diz que ficou indignado e comovido. “O grito de dor que ela sentiu quando foi obrigada a sentar na cadeira de rodas doeu meu coração. Uma paciente assim, resiliente mesmo com tanta dor, fragilizada pela idade e circunstâncias, merecia mais cuidado e respeito”, desabafou.
Um dia antes, na segunda-feira, 7/1, duas vítimas de acidente entre carro e moto precisaram ser socorridas pelo resgate municipal e, ao serem levadas ao Sameb, tiveram o atendimento recusado pelo mesmo motivo: falta de maca. As duas pessoas estavam numa moto que foi atingida por um carro entre as alamedas Araguaia e a Rio Negro, no Alphaville. O motorista do automóvel fugiu sem prestar socorro.
As vítimas foram levadas ao Sameb, mas precisaram ser encaminhadas para o pronto-socorro do Jardim Silveira. Ou seja, o resgate municipal percorreu quase oito quilômetros do local do acidente até o Sameb, e de lá mais 6,5 quilômetros para que as vítimas pudessem receber atendimento.
No mesmo dia em que a paciente com suspeita de fratura na coluna foi obrigada a ser transportada numa cadeira de rodas, o que, segundo um dos profissionais do próprio Sameb, poderia deixá-la paraplégica, mais uma vítima de acidente de trânsito – um motociclista – teve o atendimento recusado e precisou, a exemplo dos demais, ser transferido para outro pronto-socorro da cidade. “As macas estão sendo usadas como leito aqui”, relatou outro funcionário.