Análise do Instituto de Criminalística conclui que overdose foi a causa da morte de quatro pessoas
Uma mistura de bebida alcoólica com cocaína líquida foi a causa de intoxicação de oito pessoas na manhã de 16/11, no centro de Barueri, que resultou na morte de quatro homens, de acordo com laudo do Instituto de Criminalística (IC) divulgado nesta sexta-feira, 22/11. A análise do líquido ingerido pelas vítimas aponta que elas sofreram uma overdose. A combinação de álcool e cocaína é altamente tóxica e pode causar graves danos ao coração e provocar paradas cardiorrespiratórias.
Segundo o delegado titular de Barueri, Anderson Giampaoli, o IC calcula que cada uma das oito pessoas ingeriu cerca de 1,5 grama de cocaína ao beber o aguardente. A partir de 1,2 grama já há risco de vida. “E esse risco aumentou ao ser potencializada pelo álcool”, afirmou.
A polícia trabalha para esclarecer a origem da mistura, entregue por Vinicius Salles Cardoso ao grupo de amigos que costumava passar os dias na rua Duque de Caxias, na altura da praça das Bandeiras. “Podemos estar diante de alguém que intencionalmente colocou a cocaína na garrafa para que eles ingerissem, como também de alguém que produziu a cocaína líquida para outros fins e perdeu a droga”, afirma Giampaoli.
A diluição de cocaína em álcool é uma forma de transportar a droga sem levantar suspeitas. “Se evaporarmos o álcool que estava na garrafa, resta uma grande quantidade de cocaína sólida”, diz o delegado. No caso do frasco dado às vítimas, o IC calculou que havia 25 gramas de cocaína, volume que custa em torno de R$ 1,5 mil no mercado de drogas. “Se a intenção era envenenar, porque teriam usado um produto tão caro e não usaram um veneno, que é muito mais barato?”, questiona o policial.
Vinicius, que cumpre prisão temporária de 30 dias na Delegacia de Carapicuíba, reafirmou que encontrou a garrafa numa rua no centro de Barueri. Nesta sexta, acompanhado do delegado e de sua advogada, Patricia Carvalho, ele refez o trajeto que disse ter percorrido entre os dias 15 e 16/11. “Ele ainda está instável psicologicamente, mas todo o caminho feito hoje coincide com a que ele declarou à polícia”, diz Patricia.
Origem desconhecida
Apesar de ter dado três explicações para o aparecimento da bebida, Vinicius passou a reafirmar a versão definitiva, de que encontrou a garrafa na rua Claro de Camargo, a cerca de 100 metros do local onde dividiu o líquido com os amigos. Ele não consegue dizer exatamente quando encontrou o frasco, mas afirma que foi cerca de duas semanas antes de entregar aos companheiros. “Estamos analisando imagens de todos os circuitos, tanto particulares quanto públicos, para localizar o momento em que ele achou a garrafa”, afirma Giampaoli.
Nesta sexta-feira, também foi divulgado o laudo necroscópico de Marlon Alves Gonçalves, um dos mortos. O IC concluiu que ele havia ingerido mais de meio litro de bebida alcoólica nas horas que antecederam a intoxicação. “Essa combinação de álcool e cocaína em altas doses foi o que causou a morte das quatro pessoas”, diz o delegado.
Na segunda-feira, 25/11, devem ser divulgados os laudos toxicológicos das quatro vítimas que sobreviveram.
Reviravoltas e contradições
O suposto envenenamento aconteceu na manhã de sábado, 16/11, quando um grupo de oito pessoas ingeriu a bebida na Praça das Bandeiras, próximo à Padaria Central (relembre). Quatro deles morreram e outros quatro tiveram que ser internados. O caso teve diversas reviravoltas e várias versões vieram a tona com os depoimentos dos envolvidos, principalmente de Vinicius Salles Cardoso, que ofereceu a bebida aos outros e que, por conta das contradições, teve a prisão temporária decretada por 30 dias (leia mais).