Aqueles que correm sua própria corrida, como Adriele e Luciano, mostram que o esporte é muito mais do que competir por medalhas
Ela chamou a atenção desde que chegou ao ponto de largada. Adriele Silva, 28 anos, usa próteses nas duas pernas. Três anos atrás, foi vítima de uma infecção generalizada que acabou levando à amputação de parte dos dois membros inferiores.
Terminava ali a carreira de engenheira de produção, mas o que ela não sabia era que ao procurar o esporte para ajudar no tratamento, iria se transformar numa triatleta profissional.
“O esporte serviu não apenas para retomar as atividades físicas da vida, mas também para a cabeça”, conta.
Na São Silveira, os oito quilômetros servem como treinamento, pois no triatlo a distância da corrida é de cinco mil metros. “Foi bom, é uma prova que exige, a subida é forte e longa”, contou. “E tem a descida também. Para quem usa a prótese, descer é mais complicado que subir porque ela te impulsiona e você tem que dar muito mais atenção ao equilíbrio.”
Figurinha carimbada
Luciano da Silva, que completa 42 anos dia 16 de janeiro, é um velho conhecido na São Silveira. Correndo com a camisa do GRB na categoria Deficientes Intelectuais, todo ano está lá. “Já ganhei muitas vezes”, garante.
Ele conta que não andava quando pequeno, mas assim que conseguiu dar os primeiros passos, aos quatro anos, começou a correr e não parou mais.
Luciano não para, anda no meio das pessoas depois da prova, puxa conversa o tempo todo. “Eu corro nos deficientes, mas sou normal”, diz para todo mundo, enquanto pede que tirem fotos e dá entrevistas.
Na corrida, teve ótimo desempenho e chegou inteiro. “Já estou acostumado”, afirma, enquanto exibe orgulhoso a medalha que ganhou.
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