Militares conversam sobre falta de equipamentos e comentam condução de recrutas para pontos sem vigilância para prática de agressões
Conversas registradas em grupos de Whatsapp formados por militares do Arsenal de Guerra revelam que câmeras de segurança da unidade militar não funcionam e que isso permite a prática de abusos, como a sessão de tortura que resultou na perda do movimento das pernas no recruta Valdir de Oliveira Franco Filho, em 10/3.
Na ocasião, de acordo com denúncia de Valdir, ele foi conduzido para um quarto isolado para ser castigado por ter perdido a fivela de seu cinto. Depois das agressões, o soldado foi levado ao Sameb, após ter vomitado sangue. No dia seguinte, acabou transferido para o Hospital Militar de Área de São Paulo (HMASP), na capital, onde permaneceu internado por 18 dias. Foi durante essa internação que começou a sentir a perda de movimento nas pernas.
Na sexta-feira, 25/4, reportagem do programa SP2, da Rede Globo, revelou mensagens trocadas por militares do Arsenal em que eles conversam sobre a falta de câmeras em pontos da unidade e que oficiais procuram esses locais para aplicar sessões de violência contra os recrutas.
Valdir reclama não estar recebendo acompanhamento médico adequado. Ele está em casa desde que voltou do HMASP. O último contato que teve com o Exército foi a convocação para uma audiência sobre seu caso no Comando da Região Sudeste, em São Paulo, marcada para quarta-feira. 30/4.
O desligamento irregular das câmeras do Arsenal foi a explicação dada para o furto de 22 metralhadoras do local em 2023.
Sobre a agressão a Valdir, a posição do Exército até o momento é de que o caso está sendo investigado, mas que não foi percebida nenhuma irregularidade na ação.