Com a notícia, professores e alunos paralisaram as aulas nesta quarta-feira, 22/5
Por: Caroline Rossetti
Alunos e professores do ITB Professor Munir José, do Jardim Paulista, protestaram contra o desligamento da diretora pedagógica da unidade. Com a informação, que foi dada logo no início da manhã desta quarta-feira, 22/5, as aulas foram paralisadas durante todo o dia.
O presidente do grêmio, intitulado Manifesto Estudantil, conversou com o Barueri na Rede. Gabriel Rodrigues, de 17 anos, que está no 3º ano do curso de Redes de Computadores, contou que os estudantes chegaram à escola e souberam do desligamento da diretora Suelânia Araújo Miranda. Segundo ele, não foi dada nenhuma explicação nem há motivo aparente.
Em resposta à decisão, toda a escola paralisou as atividades desde as 9h50, após o intervalo da turma da manhã. “E vamos continuar aqui, até nossa diretora voltar”, afirmou o estudante por volta das 12 horas.
Professores e alunos contam que Suelânia, conhecida na escola como Susu, é uma profissional muito querida e respeitada por sua competência e comprometimento com a educação pública. “Estamos em uma das melhores unidades, graças a ela, e sem explicação interrompem um trabalho que dá certo? ”, questionou Edinir Figueiredo, de 59 anos, professor de História.
A diretora está à frente do ITB do Paulista desde 2016 e, segundo funcionários, a gestão tem colhido bons frutos, com notas altas em provas externas e no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de ex-alunos ingressando em universidades públicas.
O professor de Língua Portuguesa e Literatura Waltecy Alves, 42 anos, reforçou que o desligamento da diretora é visto como arbitrário e uma retaliação à postura combativa e de luta dos professores, que inclusive participaram das manifestações contra a reforma da Previdência e os cortes no orçamento da educação.
“Sendo a única diretora negra dos ITBs, ela sempre teve foco na gestão democrática. O trabalho dela é voltado para a valorização de projetos educacionais que respeitam a diversidade social, o combate ao racismo, o machismo, a homofobia e todas as formas de intolerância”, disse o professor. Ele ressalta que tudo o que docentes e estudantes querem é que a superintendência da Fieb vá até a unidade para dar explicações.
Ana Paula Rodrigues da Silva, de 41 anos, professora de Inglês, disse que o agravante foi a falta de comunicação oficial do desligamento. Além disso, no meio do período da manhã uma representante da Fieb foi até a unidade e afirmou que a atitude foi tomada por conta do baixo rendimento da dupla de diretoras, pedagógica e administrativa. A divisão do cargo de confiança (em que o profissional concursado é nomeado para a função de administração) foi uma decisão da Fieb adotada no início deste ano nas escolas administradas por ela.
Pais que mandaram os filhos para ter aulas na parte da tarde, e não sabiam da paralisação das aulas, tiveram que pedir para o transporte escolar trazer os alunos de volta para casa. “Na diretoria da escola, a informação era de que não sabiam se teria aulas ou não”, contou uma mãe. Em grupos de redes sociais, está circulando o áudio da diretora falando sobre a exoneração e dizendo que está triste com a situação. O BnR não conseguiu contato com ela.
Também durante a tarde, a equipe de educadores encaminhou à superintendência da Fieb uma carta para que a exoneração da diretora seja revista. Na Assembleia Legislativa de São Paulo, a deputada Márcia Lya se solidarizou com a causa do ITB do Paulista durante a sessão de hoje. De acordo com professores, os estudantes já dizem que irão ocupar a escola caso o desligamento não seja revertido.
O Barueri na Rede procurou a comunicação da Fieb e da prefeitura mas, até o fechamento desta reportagem, não recebeu retorno.