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Castelo Branco: os 50 anos da rodovia que mudou Barueri

por: Redação

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Primeira autoestrada brasileira, inaugurada em 1968, revolucionou a história da cidade

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Castelo Branco foi inaugurada em 1968 e tornou-se uma das mais importantes rodovias do Brasil

O último fim de semana marcou o aniversário de 50 anos da Rodovia Presidente Castelo Branco, primeira autoestrada nacional. A SP-280 representou um marco na história do transporte rodoviário brasileiro ao revolucionar a técnica de construção de estradas no país. Além disso, foi fundamental na história de Barueri, e graças a ela a pequena cidade de 35 mil habitantes em 1968 tornou-se uma das mais ricas do Brasil.

A história da estrada começa em 1953, quando foram feitos os primeiros estudos para a construção de uma rodovia moderna nos moldes das americanas, alemãs e italianas, as mais sofisticadas da época. O projeto, no entanto, só foi concluído em 1961, e a obra teve início dois anos depois. Inicialmente, ela se chamaria Estrada do Oeste, e a intenção era que tivesse 570 quilômetros e fosse até a divisa com Mato Grosso do Sul. Seu nome, no entanto, foi alterado antes mesmo da inauguração, em homenagem ao general Humberto de Alencar Castello Branco, presidente da república durante o regime militar morto em julho de 1967, e a extensão total nunca foi atingida.

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Estrada copiava o modelo das mais modernas rodovias do mundo na época na Europa e Estados Unidos

Desde o início, a iniciativa foi criticada, com a alegação de que se tratava de uma obra cara e desnecessária, especialmente porque no percurso a rodovia não passaria por nenhuma das principais cidades do estado. Mesmo assim a obra foi iniciada e cinco anos depois, em 10 de novembro de 1968, foi inaugurado o primeiro trecho, de 171 quilômetros. Hoje, a Castelo tem 315 quilômetros e não há planos de que seu percurso inicial seja retomado.

A rodovia era apresentada como a entrada do transporte brasileiro em um novo tempo. Ela seria construída com nova tecnologia, sem aclives acentuados, com curvas e rampas suaves, várias faixas de rolamento e grandes canteiros centrais. Também não teria passagens de nível, apenas grandes trevos e viadutos. Na época, era algo inimaginável para os padrões brasileiros. Por isso, ganhou uma nova denominação: autoestrada.

Mudando Barueri

A Castelo começou a mudar a face de Barueri já durante a construção. Um primeiro efeito foi dividir a região central da cidade, separando bairros como Vila Porto, Boa Vista e Jardim dos Camargos do centro. Antes da obra, toda a região era integrada. Nessa época surge a expressão “pra lá da estrada”, referindo-se à parte da cidade que ficou além da rodovia.

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Muitos dos operários que vieram trabalhar na obra acabaram se radicando em Barueri

Nos cinco anos que durou a construção, inúmeros canteiros de obras foram instalados na altura de Barueri, trazendo para a cidade centenas de operários que frequentavam bares e restaurantes e moravam em pensões e casas. Muitos destes trabalhadores se fixaram aqui e formaram famílias baruerienses já tradicionais.

Outra influência da estrada foi que, desde o início do trabalho das máquinas até anos depois da inauguração, a Castelo tornou-se uma importante área de lazer do barueriense. Era comum famílias e grupos de amigos fazerem passeios e piqueniques pela rodovia nos fins de semana. Os canteiros, e depois as próprias pistas, tornaram-se campinhos para jogos de futebol da garotada, pois o tráfego de veículos era raro. Nos domingos, a maioria dos poucos carros que passavam por ela eram veículos de grande potência, como os Ford Galaxie e os Dorge Dart, dirigidos por motoristas da capital que aproveitavam a estrada perfeita, vazia e sem limite de velocidade para pisar fundo.

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Governador Abreu Sodré inaugurou o primeiro trecho em 10 de novembro de 1968

Mas a grande influência da SP-280 na vida de Barueri ocorreria a partir de 1975, com a instalação do Alphaville. O novo condomínio, também uma novidade em termos de urbanismo no Brasil, trouxe para a cidade centenas de empresas que mudaram seu perfil de cidade-dormitório e multiplicaram sua capacidade de arrecadação.

Alphaville só foi possível graças à Castelo, que praticamente colocava o novo bairro dentro de São Paulo. Durante anos, a propaganda do loteamento dizia que agora era possível “morar num condomínio de luxo a apenas dez minutos de Pinheiros”, o que era verdade, em razão de pouco trânsito que a estrada tinha. Hoje é impossível imaginar Barueri sem a Castelo Branco.

Uma gigante cada dia maior

Todo ano, a Castelo Branco aparece entre as dez melhores no ranking das rodovias nacionais, segundo avaliação dos próprios motoristas. Em seu trecho próximo à capital, ela tem um dos maiores tráfegos do Brasil, com média de 215 mil veículos por dia. Na aproximação da capital, chega a ter 17 faixas.

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Rodovia é uma das mais seguras do país e tem alta aprovação dos motoristas

Ao longo de seus 50 anos, o projeto original de chegar à barranca do Rio Paraná foi paralisado. Depois do primeiro trecho de 171 quilômetros, inaugurado em 10 de novembro de 1968, foram entregues mais 75 quilômetros em 1971, ambos no governo de Abreu Sodré. A parte final foi concluída em abril de 1992, já na gestão de Paulo Maluf. O ponto que atravessa a Serra de Botucatu teve pista simples até 2008. Ali foi construída a maior ponte da rodovia, com 625 metros e pilares de 40 metros de altura.

Em Barueri fica uma das principais obras da estrada, a ponte Guilherme de Almeida, sobre o Rio Tietê, na altura do km 24, entre os bairros da Aldeia e da Vila Porto. Com 448 metros de extensão, 17,4 metros de largura e vão livre de 140 metros, ela é a quinta do mundo feita em concreto protendido, uma técnica de engenharia que trabalha com o equilíbrio entre a tensão dos cabos de aço que formam a estrutura e o concreto.

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Ponte sobre o rio Tietê, no km 24, era uma das mais modernas do mundo

A rodovia também é pioneira no regime de parcerias com a iniciativa privada, ao ser incluída pelo governo do Estado no primeiro lote do programa de concessões de estradas. Em 1998, as concessionárias CCR Viaoeste, AB Colinas e CCR SPVias assumiram trechos da Castelo.

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